Plano Real: O plano que mudou o rumo da economia brasileira
O conjunto de medidas para tentar frear as taxas de inflação
O Plano Real foi o programa brasileiro de estabilização econômica que promoveu o fim da inflação elevada no Brasil.
O Plano Real foi lançado durante o governo de Itamar Franco. No primeiro semestre de 1994, foram aplicadas medidas que foram responsáveis por controlar a economia e encerrar a inflação que estava em alta desde a década de 1980.
O idealizador do plano foi o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que recebeu carta branca do presidente para comandar as reformas econômicas. Com isso, foi montada uma equipe com economistas que estudaram as medidas necessárias e lançaram gradualmente.
Em julho de 1994 foi colocada em circulação a nova moeda, que recebeu o nome de “real” e no fim daquele ano a inflação já estava controlada e assim a esperança de uma melhora começou a surgir.
Contexto histórico
Itamar Franco era um político mineiro que acabou sendo convidado por Collor para ser seu vice nas eleições de 1989. Apesar dos atritos entre os dois, a chapa foi eleita para assumir a presidência.
Itamar assumiu oficialmente a presidência, em dezembro de 1992, quando Fernando Collor sofreu impeachment por conta dos escândalos de corrupção nos dois primeiros anos de mandato. No momento que Itamar assumiu, ele era questionado como seria o retorno da estabilização econômica.
Essa crise econômica que o país enfrentava, era reflexo do período da Ditadura Militar. A economia foi muito impactada por conta da ditadura. Na década de 1990, o país tinha que lidar com o endividamento externo e um alto nível da inflação que aumentava o custo de vida para os trabalhadores.
Desde a redemocratização, foram lançados cinco grandes programas de estabilização da moeda. Esses programas foram criados para tentar controlar a inflação no Brasil, que em 1993 alcançou a marca de 2000% e, em 1990, foi de 6800%
Foram feitos programas anteriores ao Plano Real, chamados de Cruzado, Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2. Todos tinham o intuito de congelar os preços e contornar o problema inflacionário e todos acabaram fracassando, fazendo com o que problema persistisse.
Implantação do Plano Real
Antes de nomear FHC, como ministro da Fazenda, Itamar tentou resolver a situação econômica com outros nomes, mas não houve sucesso. Em maio de 1993, foi solicitado que Fernando Henrique assumisse o ministério.
A equipe foi formada por economistas que tentaram resolver a situação no Plano Cruzado, como André Lara de Rezende e Pérsio Arida.
Um plano econômico lançado por Sarney em 1986, porém fracassou. O Plano foi debatido publicamente, a ideia era passar confiança a população e que aderisse às mudanças que seriam implementadas.
Plano Real
Implantado em etapas no decorrer dos anos de 1993 e 1994, as mudanças propostas pela equipe de FHC eram contrárias às medidas adotadas em outros governos e o plano gerou desconfianças, principalmente politicamente.
Foi necessário convencer o congresso, para que assim conseguisse ser aprovado as principais medidas.
Muitas críticas de partidos e da mídia acabaram surgindo, como o Partido dos Trabalhadores (PT), que acreditava que as ações tomadas prejudicam os trabalhadores. Críticas por conta dos aumentos de impostos propostos pelo plano.
O plano foi definido em 3 etapas criadas pelo próprio FHC. A primeira etapa foi a estabilização das contas públicas, a segunda foi o desenvolvimento da Unidade Real de Valor (URV) e a terceira foi o lançamento da nova moeda, o real. A partir do momento que o plano foi aplicado, os resultados foram rápidos. No final de 1994, a inflação mensal já era de 1%, enquanto em junho tinha sido de quase 50%.
Principais medidas do Plano Real
Como a equipe de FHC, tinha a proposta de equilibrar as contas públicas, foi realizado cortes de gastos públicos e a realização de privatizações de empresas
com o objetivo de aumentar as receitas do Estado.
O governo definiu alguns impostos (5% nos impostos federais) e criou uma reforma no orçamento da União. Isso fez com que alguns tributos ficassem desvinculados das destinações definidas pela Constituição de 1988.
Após a aprovação no Congresso, o governo ficou com a liberdade de manejar livremente 20% dos recursos destinados a áreas como a educação e saúde, por exemplo.
O Plano promoveu também a desindexação da economia, isto é, os preços e valores não seriam reajustados diariamente, o que era definido como uma das causas da hiperinflação do país.
A proposta seria desindexar a economia e indexa-la ao valor do dólar, que naquele momento era estável.
Outra ação foi o incentivo à abertura econômica do país para que a área de serviços pudesse crescer e a indústria do país se modernizar. A ideia era não permitir a falta de mercadorias nos mercados com a economia estabilizada e evitar a elevação de preços novamente.
Uma das medidas foi a redução das taxas de importação, com a ideia de que a indústria pudesse se modernizar. Ocorreram reformas bancárias, fazendo com que os bancos tivessem uma redução do acesso ao crédito.
A mudança mais importante e que acabou ficando marcada foi a mudança da moeda que foi proposta pela equipe do governo de Itamar Franco.
Em março de 1994 foi criada a Unidade Real de Valor (URV), que seria a transição para o Real.
O URV foi uma unidade de conta que, entre março e julho de 1994, definiu os valores referenciais para conversão do cruzeiro real para o real. Valores esses que eram estipulados pelo próprio governo.
O Real foi definitivamente lançado em 1º de julho de 1994 e definiu que 1 real equivaleria a 1 URV que equivaleria a 2750 cruzeiros reais. Com a indexação ao dólar, acabou garantindo sua estabilidade e segurança.
Para isso foi necessário aumentar as reservas cambiais e o que acabou atraindo dólares para o país, pelo fato de ter estoque de dólar para dar o valor real da moeda.
O real acabou se tornando uma moeda estável, uma vez que se sustentava na variação do dólar, o real e todo plano que sustentou conseguiu baixar a inflação do país que em 6 meses já tinha chegado a 1% ao mês.
Consequências
Economicamente falando, entre pontos positivos e negativos do Plano Real, podemos destacar:
- Estabilizou a economia brasileira e colocou a inflação sob controle;
- Para a moeda nacional com o dólar;
- Manteve o poder de compra do trabalhador baixo;
- Aumentou o desemprego.
Na questão política, o sucesso do Plano Real permitiu que FHC pudesse disputar as eleições presidenciais de 1994. Pelo fato de ter sido ministro da Fazenda, FHC ficou marcado como o responsável pelo Plano Real. Por conta disso, Fernando Henrique abandonou o Ministério da Fazenda em março de 1994 para concorrer às eleições presidenciais.
A popularidade de FHC foi tão grande que acabou sendo eleito presidente no primeiro turno, com cerca de 55% dos votos, totalizando mais de 34 milhões de votos. Na presidência ele ainda acrescentou mais mudanças no Plano Real.