“Britcoin”: Banco da Inglaterra libera whitepaper de libra digital
O Banco da Inglaterra (BoE) e o Departamento do Tesouro de Sua Majestade publicaram um documento de consulta sobre a moeda digital de banco central do país (CBDC). A moeda chama-se oficialmente de “libra digital”, mas a comunidade já apelidou o projeto de “Britcoin”.
De acordo com o relatório, a CBDC ainda não tem prazo de lançamento, embora já conte com algumas diretrizes específicas.
Nesse sentido, o BoE afirmou que a CBDC estará sujeita a rigorosos padrões de privacidade e proteção de dados.
“(A libra digital) tem como foco aumentar a privacidade e permitiria que os usuários fizessem escolhas sobre seus dados”, afirmou o banco.
No entanto, o banco não afirmou se a privacidade se estenderá às transações feitas pelos cidadãos britânicos
O BoE disse que era muito cedo para decidir sobre o lançamento da libra digital, mas julgou provável que seja necessário no futuro.
De fato, grande parte dos britânicos já utilizam meios digitais, de modo que a libra em espécie é praticamente inexistente no país.
Libra digital, ou “Britcoin”
A “Britcoin” será uma CBDC de varejo, ou seja, usada por famílias e empresas para as necessidades diárias de pagamento.
Lojas e empresas também aceitarão a criptomoeda, bem como os bancos em suas transferências entre clientes.
Contudo, a libra em espécie não deixará de existir, já que a libra digital circulará junto com as notas e moedas físicas.
O valor de ambas será o mesmo, o que permite que sejam intercambiáveis dentro do sistema bancário britânico.
Assim como o sistema bancário, os cidadãos poderão acessar a libra digital por meio de smartphones, sugerindo que o BoE também está desenvolvendo uma carteira digital.
Dinheiro em espécie em declínio
O banco reconheceu que os pagamentos em dinheiro estavam em declínio, exacerbando sua busca por uma economia digital.
Em 2021, os pagamentos com cartão representaram quase 60% dos pagamentos no Reino Unido e 32% de todos os pagamentos foram sem contato.
Na capital, Londres, praticamente todos os estabelecimentos comerciais aceitam somente cartão. Muitos deles contam com o aviso “no cash”, indicando que não lidam com dinheiro em espécie. A maioria adotou essa prática após a pandemia de Covid-19.
Só que em outras partes do país, o dinheiro físico continua popular entre muitos cidadãos. Por isso que o BoE não pode eliminá-lo totalmente.
Além disso, uma parcelas dos cidadãos britânicos não possui conta em banco e, portanto, não conseguem fazer transações com cartão.
“Cerca de 1,2 milhão de adultos no Reino Unido não têm conta em banco e cerca de 20% das pessoas nomeiam o dinheiro como seu método de pagamento preferido”, disse o BoE
Mais importante, o jornal estipulava que o BoE e o governo não terão acesso nenhum dado pessoal. Esta declaração deve dissipar os temores de que os CBDCs estejam sendo usados pelos governos como ferramentas de vigilância financeira.
Ao contrário de muitos países asiáticos, a libra digital também estaria disponível para residentes fora do Reino Unido.
Isso é relevante especialmente para os países as antigas colônias do Império Britânico, que possuem muitos cidadãos morando no Reino Unido.
No entanto, o BoE é veementemente contra as criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin (BTC). Logo, a internacionalização da libra provavelmente faz parte de ma estratégia para desestimular o uso dessas criptomoedas.
Ecossistema CBDC segue em alta
De acordo com o rastreador CBDC do Atlantic Council, existem 11 nações que lançaram um CBDC e todas estão no Caribe, com exceção da Nigéria. Além disso, 17 nações estão passando por pilotos, e a maioria delas na Ásia.
O Reino Unido ainda está na fase de desenvolvimento de seu lançamento de sua CBDC, grupo no qual estão outros 33 países.
Em notícias relacionadas, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), com sede na Suíça, anunciou que se concentrará fortemente nos CBDCs em 2023 para melhorar os sistemas de pagamento. O BIS também afirmou que as CBDCs precisam de melhorias antes de um lançamento final.