A receita da Vale e as consequências da queda do preço do minério de ferro
Usando a Vale (VALE3) como exemplo, falarei um pouco do que li esses dias em um relatório bem completo dos feras criadores da página Findocs. Esse post é para quem pensa em investir em commodities (soja, minério de ferro, petróleo, café, carne bovina, milho, etc ), mas está na dúvida de como funciona o seu ciclo.
A primeira coisa a se levar em consideração: as commodities são cíclicas, e por isso, altamente voláteis. Sim, é preciso que você prepare seu psicológico e deixe a postos seu antiácido para possíveis desconfortos estomacais! Se chegou a leitura até aqui e bateu o pânico, desista e parta para o estudo de uma outra classe de ativos.
Brincadeiras à parte, vamos entrar de fato no assunto. Vamos falar sobre a correlação entre o preço da commodity e o valor da ação da Vale, nesse caso. Quando o minério de ferro sobe nas cotações, ocorre o mesmo movimento de alta com o papel da empresa, e vice-versa.
Quanto mais o minério se valorizar, mais dinheiro a Vale ganha.
E o que explica a queda do minério de ferro em 30% desde sua máxima?
A China é a principal consumidora de minério de ferro do planeta, já que possui o maior mercado imobiliário do mundo. No entanto, sabemos que sua economia vem desacelerando e o mercado imobiliário está passando por maus bocados, com forte queda nas vendas de imóveis, boicotes de compradores que se recusam a pagar hipotecas, e a outra causa desse estresse econômico e não menos importante, são os lockdowns que vem acontecendo, seguindo a política do Xi Jinping de “tolerância zero” para o COVID-19, que trancafiou por quase 2 meses a população de algumas cidades chinesas.
Essa desaceleração significa menor consumo de minério de ferro, e consequentemente, menos dinheiro para a Vale. No quadro vemos que 69% da sua receita vem do minério de ferro. Mas tudo isso? Então será que a mineradora continuará gerando lucro? Dados mostram que o custo da extração do minério de ferro é de US$ 45/ton. Na última sexta-feira 15/07) ele estava sendo negociado a US$ 104/ton.
Respondendo a pergunta: sim, a Vale continua lucrativa, desde que o preço da tonelada permaneça neste patamar. Então, você, investidor, principalmente os marinheiros de primeira viagem, não entrem em pânico!
Commodities são cíclicas, mas empresas como a Vale são sólidas e produzem bens que jamais deixarão de ser utilizados.
Só a título de curiosidade, e para ficarem mais tranquilos, desde 1998 os papéis da Vale renderam 13.489%, o equivalente a 23% ao ano.
– Flávia Davoli
*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.