A super valorização do dólar pode representar um problema? – ESTOA

A super valorização do dólar pode representar um problema?


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O dólar americano está se valorizando 14% em 2022 em comparação com uma cesta de moedas. Existem várias razões principais para a sua valorização:

  • Os investidores consideram o dólar um porto seguro em tempos de volatilidade do mercado.
  • A economia dos EUA se manteve melhor do que a de outros países.
  • As taxas de juros dos EUA ajustadas pela inflação estão subindo, graças a um dos mais rápidos ciclos de aumento de taxas do Federal Reserve na história moderna.


O que é preocupante, no entanto, é que a força relativa do dólar agora é bastante extrema: o dólar está em seu nível mais alto em 20 anos em relação a outras moedas importantes. A libra caiu para seu nível mais baixo em relação ao dólar desde 1985, enquanto o iene atingiu recentemente seu nível mais baixo desde 1998, e o euro foi negociado abaixo da paridade, algo que não acontecia desde 2002. 

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Essa extrema força do dólar pode levar a crises de instabilidade; no entanto, os investidores não parecem apreciar o risco. Dados mostram que os investidores em todo o mundo ainda favorecem o dólar e esperam que sua força persista. 

Riscos enfrentados com a valorização do dólar

Investidores devem ter cautela, pois os mercados podem se encontrar em um desenrolar desordenado quando o dólar finalmente chegar ao topo. Existem três riscos específicos a serem levados em consideração:

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  • Os extremos da moeda ameaçam os lucros das empresas. Para empresas americanas com negócios em outros países, incluindo muitas no índice S&P 500, um dólar mais forte diminui o valor de seus lucros estrangeiros quando convertidos em dólares. Ao mesmo tempo, a competitividade global das empresas americanas está em risco, pois os produtos ficam mais caros em termos de moeda local. 
  • Os ativos financeiros dos EUA podem se tornar menos atraentes para investidores estrangeiros. Por um lado, um dólar mais forte aumenta os custos em moeda local dos ativos financeiros dos EUA, o que pode enfraquecer novos fluxos para ações e títulos dos EUA. 
  • Finalmente, um dólar forte contribui para os déficits comerciais.  A balança comercial dos EUA – calculada considerando as importações menos as exportações – apresenta um déficit médio de quase US$ 1 trilhão por ano. Isso é quase 5% do produto interno bruto (PIB) do país, em um momento em que a dívida total dos EUA já está bem acima de 100% do PIB. A força persistente do dólar pode sustentar o poder de compra de ativos estrangeiros do consumidor americano, o que pode aumentar esses déficits e levar ao aperto das condições financeiras domésticas.

-Flavia Freitas Davoli

*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.

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