O peso da decisão do Fed sobre o câmbio dos emergentes – ESTOA

O peso da decisão do Fed sobre o câmbio dos emergentes


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Quem não acompanha o canal do Fernando Ulrich, sugiro que o faça ainda hoje!

Em um vídeo publicado há umas semanas atrás, ele comenta como a decisão do Fed (Federal Reserve) em relação à elevação dos juros americanos em 2022 afetará negativamente o nosso câmbio e dos demais países emergentes, frente ao fortalecimento do dólar.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em uma conferência no dia 14/12/21, expõe a visão do BACEN sobre o regime cambial, e depois temos a análise de alguns pontos feita por Ulrich; mas antes disso vamos entender o que é o regime de câmbio flutuante e como ele funciona.

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Regime de câmbio flutuante

O câmbio flutuante tem como principal característica a ausência de controle do governo, via Banco Central, na compra e na venda de moedas. Neste modelo a taxa de câmbio é definida a partir da oferta e demanda do mercado.

Na prática, funciona assim: quando se registra mais entrada que saída de moeda estrangeira (dólar) no país, a tendência é a valorização da moeda nacional. Por outro lado, quando a saída da moeda estrangeira cresce, a moeda nacional é desvalorizada.

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A flutuação também depende do patamar de exportações e importações, da taxa de juros interna (Selic), das taxas básicas de juros das principais economias, do turismo, da política fiscal e monetária vigentes e da situação econômica do país como um todo.

Agora, voltemos aos pontos observados por Fernando Ulrich:

1º ponto: o BC adota o princípio da separação: Política monetária (taxa de juros) e medidas macroprudenciais – e isso resulta no regime de câmbio flutuante.

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A autarquia só intervém para suprir gaps de liquidez – e por que não para interferir no nível de câmbio?

A crítica é justamente essa, essa visão não se adequa a nossa realidade de país emergente, onde essas oscilações bruscas do câmbio tem impacto direto na inflação, que por sinal é uma das metas do Banco Central. 

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Concluímos então, que isso gera um efeito contraproducente para o próprio atingimento do objetivo de controle da pressão inflacionária.


2º ponto: “quando os agentes percebem que há uma intervenção artificial, além de um mero suprimento de liquidez, aquele instrumento de hedge (proteção), acaba perdendo esse papel e o mercado vai para outros instrumentos como os juros futuros para se protegerem das turbulências macro da economia.” – porém, o câmbio é a principal variável da economia, é o preço da nossa moeda de todos os dias. E variar com esse nível de volatilidade é extremamente prejudicial para a economia e para a inflação.

Vemos que apesar de nossos juros estarem a 13,25%, ainda não estão fazendo efeito algum sobre a taxa do câmbio.

Aí fica a reflexão: a postura adotada pelo BC é a mais adequada diante o cenário que o Brasil se encontra? Essa interferência, “torrando” as nossas reservas internacionais é mesmo a melhor alternativa?

– Flavia Davoli

*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.