Por que ninguém lava a louça aqui em casa? – ESTOA

Por que ninguém lava a louça aqui em casa?


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Muitos adolescentes sonham em sair da casa dos seus pais e viver a sua independência sem ter que dar a mínima satisfação do que vão fazer, não é verdade? Então, você vai lá e arranja o seu primeiro estágio e com aquele seu suado “DinDin” consegue rachar um apartamento com outros dois amigos que estão no “mesmo barco”. 

Nas primeiras semanas é aquela maravilha! Vocês aproveitam toda a liberdade que têm e começam a fazer festas em casa quase todo dia sem pensar naquelas tarefas chatas do dia a dia, tais como: lavar a louça, arrumar a casa, limpar o banheiro ou mesmo jogar o lixo fora. 


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Quando o primeiro mês de convivência chega ao fim, vem um dos seus companheiros de apartamento que se incomoda mais com a sujeira e bagunça toda e começa a limpar de forma independente aquela “Zona”. A epopeia começa pelos “copos sobreviventes”, visto que só sobraram 4 da contagem inicial, de tal forma que há/havia 6 que já quebraram ou estão “desaparecidos”, ou seja, no início da “República” tinham 10 copos. 

A “batalha” de organizar tudo sozinho é árdua, mas vale a pena, pois é pelo equilíbrio da casa e então pelos próximos 2 meses esse “guerreiro” se martiriza pelo bem maior. Então em uma manhã de segunda-feira, o nosso “mártir”, vai lavar a pilha de louça suja que acumulou do final de semana, quando ele corta o seu dedo com um copo quebrado que estava dentro da pia, furioso ele pensa: 

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– Essa foi a última gota de água, eu não vim morar sozinho para ser babá de ninguém! 

Nesse mesmo dia à noite, os três amigos jantam juntos e um deles, que estuda economia, lembra de uma aula que tivera há 2 semanas sobre um problema que ocorreu no século 18 na Inglaterra sobre a utilização de terras comuns. Segundo o seu professor de economia havia uma região na Inglaterra com terras férteis compartilhadas entre os cidadãos, ou seja, de uso comum a todas as pessoas. 

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Logo ao lado havia uma outra área privada com diferentes proprietários, dos quais cada um tinha a sua área demarcada e utilizada para o objetivo pessoal de cada dono de terra. Além disso, ambas as áreas tinham a mesma fertilidade, ou seja, tinham a mesma possibilidade e probabilidade de se plantar e colher com a mesma abundância e qualidade, ou mesmo de permitir-se que os seus animais alimentam-se do “verde” da área.

Segundo o professor, ao longo dos anos a área verde que era compartilhada por todos foi se desgastando pelo uso “coletivo” e desenfreado das pessoas, até que ninguém mais conseguiu plantar na área, assim como os animais a extinção e possibilidade de alimentar os animais.

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Paralelos da economia

Os jovens foram percebendo o paralelo com o que estavam vivendo, pois sem uma organização clara das tarefas domésticas a casa compartilhada com regras claras e praticáveis por todos os seus bens em comum (louça, arrumação, limpeza) teriam em breve o mesmo fim das terras comuns da Inglaterra

Embora hoje em dia seja muito claro que as pessoas tenham a posse de suas áreas privadas com documentos e registros em cartórios, este mesmo conceito de direito de propriedade era pouco comum naquele momento da história e apenas determinadas pessoas tinham registro das suas áreas privadas. 

Uma coisa é clara minha querida e meu querido leitor, a economia pode nem sempre ser simples e clara para todos, no entanto, quando fazemos paralelos com acontecimentos históricos e verdadeiros a ficção ganha vida e cor. 

E para os curiosos: a “República” e os 3 jovens estão no caminho para uma convivência mais harmônica e “limpa” rsrs. 

– Erik Braga, fundador do Sua Terapia Financeira. 

*As opiniões do colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.