Quão ruim poderia ser a próxima recessão?
Lendo na semana passada uma matéria do Morgan Stanley, achei muito interessante a visão da instituição sobre uma possível recessão devido ao cenário em que a economia global se encontra atualmente.
Eles apontam que uma recessão causada pela alta da inflação seria bem menos catastrófica do que uma recessão causada por excessos de crédito.
Além da recessão de 2020 que veio com a pandemia do coronavírus, tivemos a de 2008, a crise do Subprime – (desencadeada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, que levou vários bancos para uma situação de insolvência, repercutindo uma queda geral das bolsas no mundo inteiro); e também a crise de 2001 – “da bolha.com” (quando houve uma forte alta das ações Tech).
Essas duas últimas crises levaram quase uma década para uma recuperação total dos excessos relacionados às dívidas.
O excesso de liquidez é a causa mais provável de uma recessão
Sabemos que desde o início da pandemia, os bancos centrais do mundo todo injetaram liquidez em suas economias (estamos falando de trilhões mais trilhões!), fazendo com que a inflação chegasse nas alturas, como estamos vendo hoje. Historicamente, os danos aos lucros corporativos tendem a ser menores durante as recessões motivadas pela inflação.
Podemos ver isso na ilustração abaixo. Vemos que apesar das quedas do S&P500, as estimativas de lucro por ação não sofreram grandes alterações para esse trimestre.
Além das tendências históricas, outros fatores apontam para uma recessão mais branda.
- O mercado de trabalho permanece sólido; segue apertado, e a taxa de desemprego se mantém estável nos 3,6% e recorde de novas vagas.
- Balanços corporativos bem mais robustos em décadas.
- Receitas corporativas podem ser mais duráveis – a composição do índice de ações de hoje mostra parcela crescente de ganhos atribuídos a receitas recorrentes.
Apesar do otimismo para uma recessão “mais branda”, alguns analistas ainda veem espaço para uma correção no índice de 5% a 10%, pois a inflação ainda não atingiu seu pico e o Fed deverá seguir aumentando o percentual da taxa de juros até que consiga arrefecer a pressão inflacionária e o equilíbrio da economia.
Por isso, é necessário que nós, investidores, tenhamos paciência e muita cautela, mantendo sempre um portfólio diversificado.
– Flávia Freitas Davoli
*As opiniões da colunista não refletem necessariamente a posição da Estoa.