Cúpula de líderes da América do Sul acontece nesta terça (30) em Brasília
Encontro de 11 presidentes aponta retorno do diálogo entre países sul-americanos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá receber líderes de dez países da América do Sul nesta terça-feira (30), em Brasília, para uma cúpula regional no Palácio do Itamaraty.
Dos 13 países do continente, confirmaram presença os presidentes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Os únicos chefes de Estado que não virão são do Peru, Dina Boluarte; e da Guiana Francesa, Emmanuel Macron (presidente da França) – uma vez que a presidente peruana não tem autorização para sair do país e a Guiana Francesa é um território ultramarino da França, portanto, não participará.
Entre as “áreas-chaves” que serão discutidas, o governo pontuou saúde, mudança do clima, defesa, energia, infraestrutura e combate aos ilícitos transnacionais.
“É imperioso que voltemos a enxergar a América do Sul como região de paz e cooperação, capaz de gerar iniciativas concretas para fazer frente ao desafio, que todos compartilhamos e almejamos, do desenvolvimento sustentável com justiça social”, disse em nota o presidente brasileiro.
À imprensa na última sexta-feira (26), a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, a embaixadora Gisela Padovan, disse que, além das pautas temáticas da reunião, a cúpula intenciona o retorno da integração entre os países do continente.
“O principal objetivo desse encontro é retornar o diálogo com os países sul-americanos, que ficou muito truncado nos últimos anos, e é uma prioridade do governo Lula. Temos consciência que há diferenças de visão e diferenças ideológicas entre os países, mas ele [Lula] quer reativar esse diálogo a partir de denominadores comuns com os países”, afirmou Padovan.
A cúpula anunciada no começo do mês é a primeira sediada no Brasil do terceiro mandato do petista, e a primeira desta dimensão em cerca de sete anos.
Nesta manhã, o presidente Lula se encontrou com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para uma reunião bilateral.
Cúpula da América do Sul: retorno do diálogo entre os países
Conforme explicado por Gisela Padovan e pelo Ministério das Relações Exteriores, o encontro não tratará de um tema definido, mas visa três principais objetivos: reativar o diálogo regional; formular uma agenda de cooperação; e discutir a criação de uma organização sul-americana para reorganizar ou substituir a União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
“Como vocês sabem, nos últimos anos, houve uma espécie de fragmentação nessa concertação puramente sul-americana. O propósito dessa iniciativa é unir, de novo, a região com a totalidade de seus países”, declarou Padova.
O encontro descrito como uma espécie de “retiro” para os chefes de Estado será realizado em duas partes. Na manhã de terça-feira, cada presidente irá discursar sobre um tema de sua própria escolha, após o almoço eles retomam a conversa de modo informal, como uma “sessão de trabalho mais livre e descontraída”, informou Padovan.
Padovan declarou que o Brasil deseja uma integração completa entre os países da América do Sul. “Do lado do Brasil, queremos integração permanente. Não temos um modelo, é apenas um desejo, que os 12 países, que não seja uma integração fracionada. Buscamos mecanismo, uma instância permanente, inclusiva e moderna”, continuou.
“Estamos vendo a reunião não como chegada, mas partida, de retomar o diálogo. Temos consciência da diferença de visões, orientações ideológicas. Mas é um começo para que os chefes sentem na mesa e dialoguem sobre pontos em comum”, disse à imprensa.
Venezuela
Na manhã desta segunda-feira (29), Lula recebeu o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para uma reunião bilateral restrita aos dois.
Maduro chegou ao Brasil na noite de domingo (28) junto à sua esposa. Nesta manhã, o presidente venezuelano e a primeira-dama, Cilia Flores, subiram a rampa do Palácio do Planalto e foram recebidos por Lula e a primeira-dama, Janja.
Está previsto na agenda oficial, após a primeira conversa, que Lula e Maduro irão se reunir com integrantes do governo brasileiro, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com membros da comitiva venezuelana.
A vinda de Maduro é uma das mais esperadas, em consequência do rompimento da relação entre o Brasil e a Venezuela, causada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que proibiu o presidente venezuelano de entrar no país em 2019 – a medida foi retirada em dezembro de 2022.