As condições de crédito mais rígidas aliviam a pressão de alta de juros pelo Fed, diz Powell
Powell afirmou que nenhuma decisão foi tomada em relação aos juros para a reunião de junho
Nesta sexta-feira (19), o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que os efeitos posteriores dos recentes problemas do setor bancário retiram alguma pressão do banco central dos Estados Unidos para aumentar os juros.
Na sua visão, embora as medidas de estabilidade financeira adotadas tenham ajudado a acalmar as condições no setor bancário dos EUA, novos desdobramentos têm contribuído para tornar as condições de crédito mais restritivas.
“Portanto, como resultado, nossa taxa básica de juros pode não precisar subir tanto quanto precisaria para atingir nossos objetivos”, disse Powell, durante a Thomas Laubach Research Conference, criada em homenagem ao legado do ex-diretor da Divisão de Assuntos Monetários do Fed, Thomas Laubach. “É claro, a extensão disso é altamente incerta”, ponderou.
A fala ocorre no momento em que se aproxima o fim do ciclo de aumento de juros pelo Fed, com os mercados e autoridades debatendo se são necessários mais aumentos de juros para reduzir a inflação.
Inflação: Powell afirma que Fed ainda busca nível suficientemente restritivo em relação à taxa de juros
Em sua última decisão, o Federal Reserve elevou os juros no País em 0,25 ponto porcentual, para o intervalo entre 5% e 5,25% ao ano, alcançando o patamar mais alto desde 2007. A próxima reunião está marcada para o dia 13 e 14 de junho.
O presidente voltou a afirmar que a inflação segue “muito acima da meta de 2%”. Para ele, o caminho que o banco central deve seguir se tornou mais incerto: “vivemos um momento histórico de incertezas elevadas”, disse. Após um ano de aumentos nas taxas, há ainda muitas dúvidas do quão restritivas as taxas precisam ser.
“Os riscos de fazer muito ou fazer pouco estão se tornando mais equilibrados”; por isso, ele afirmou que as decisões serão tomadas reunião a reunião.
Powell, ainda ressaltou que os mercados estão projetando um futuro diferente, com inflação caindo com maior velocidade, enquanto o Fed entende que levará “muito tempo” para trazer o índice à meta de 2%. “A comunicação tem o custo da má interpretação”, ele disse, salientando que “projeções são muito úteis, mas não são previsões”.
No evento, o presidente disse que a recente turbulência bancária nos EUA também deve impactar o crescimento econômico, o emprego e a inflação do país.
Ele afirmou, também, que houve “muito progresso” para conter a inflação em bens, mas acrescentou que em serviços ela continua a mostrar força. Em evento da instituição, o dirigente disse ainda que a inflação neste momento está em grande medida concentrada em serviços.
O presidente também destacou a correlação entre a inflação e o mercado de trabalho, enfatizando que há um “nível extraordinário de demanda” por trabalho, no mercado atual, o que o Fed acredita que deve desacelerar adiante.
E também analisou o fato que houve aparentes mudanças na correlação na curva de Phillips, a depender do contexto recente, mas acrescentou que isso não necessariamente representa um problema com a inflação. A curva de Phillips está ligada justamente à inflação e ao desemprego.
Reação do mercado pós Powell
Os investidores estavam de olho no discurso em questão para tentar perceber quais os próximos passos em termos de política monetária, uma vez que nos últimos dias vinha crescendo a expectativa de que a autoridade monetária iria continuar com os aumentos.
As palavras de Powell associadas às notícias de um novo impasse nas conversações sobre o aumento do teto da dívida colocaram as bolsas norte-americanas a cair.
O S&P 500, índice de referência, recua 0,14% para 4.192,02 pontos, o industrial Dow Jones perde 0,32% para 33.429,00 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite cede 0,18% para 12.665,95 pontos.