Ata do Copom diz que nova regra fiscal reduz parte das incertezas do cenário econômico
A autoridade monetária reforça que não há relação mecânica sobre o novo marco e suas ações
Nesta terça-feira (9), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), informou que a apresentação da nova regra fiscal e a reoneração dos combustíveis reduziram parte das incertezas do cenário econômico. A autoridade monetária reiterou que não há “relação mecânica” sobre o novo marco fiscal e as suas ações.
“A apresentação do arcabouço fiscal reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública. O Comitê seguirá acompanhando a tramitação e a implementação do marco fiscal apresentado pelo governo e em apreciação no Congresso”, afirmou o comitê na ata de sua última reunião, na semana passada.
De acordo com o colegiado, o novo marco fiscal “sólido e crível” poderá levar a um “processo desinflamatório mais benigno” por meio de seu efeito no canal de expectativas.
O BC ponderou que esse processo desinflamatório “tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas” alegando que isso “demanda maior atenção na condução da política monetária”.
Banco Central justifica juros e inflação
Em relação à inflação de serviços e os núcleos de inflação, o BC observa maior resiliência e menor velocidade da desinflação nas últimas divulgações, em linha com o processo não linear que o Comitê já previa.
“Além disso, as expectativas de inflação seguem desancoradas, em parte relacionado ao questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras.”
A autoridade monetária também justificou a alta no patamar da taxa básica de juros que se manteve em 13,75% ao ano em todos os encontros, ao dizer que a medida tomada é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024”.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, acrescentou.
O Copom enfatizou que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros, para assim, atingir os objetivos no horizonte relevante da política monetária.
O colegiado também disse esperar uma “queda relevante na inflação acumulada em 12 meses ao longo deste 2º trimestre”.
De acordo com o Comitê, será mantida a vigilância para avaliar se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.
Ele também informou que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Segundo o Boletim Focus, levantamento semanal do BC com as projeções dos bancos e consultorias do país para os indicadores econômicos, as expectativas para a inflação ao fim de 2023 ainda estão perto dos 6% e, para 2024, em 4,16%.
Nos dois casos é ainda um resultado longe da meta de inflação que deveria ser entregue pelo Banco Central, que é de 3,25% neste ano e 3% no próximo.
Cenário externo
Com relação ao ambiente externo, o Copom diz que o baixo grau de ociosidade do mercado de trabalho em algumas economias e uma inflação corrente persistentemente elevada e disseminada no setor de serviços, sugerem que pressões inflacionárias devem demorar a se dissipar.
Na ata, o Copom vê o ambiente do mercado externo como “adverso”, alegando que ainda não se sabe ao certo qual será o impacto que os episódios dos bancos no exterior irão acarretar sobre a economia global.
“Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento”,disse.
“Os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente”.
O Comitê diz ainda que a sinalização de que as taxas de juros das principais economias globais se manterão altas por um período prolongado implica diretamente em “uma maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes”.