Ataque da Rússia à Ucrânia pode afetar confiança empresarial, diz FGV
O ataque da Rússia à Ucrânia tem potencial para afetar a confiança de empresários brasileiros, mas o arrefecimento da onda de contaminações de covid-19 pela variante Ômicron pode melhorar o humor empresarial nas próximas sondagens, especialmente do setor de serviços. A avaliação é de Aloisio Campelo Júnior, superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
“Tem impacto (sobre a confiança dos agentes brasileiros) para um lado e para o outro. O que vai pesar mais depende da duração do conflito. A onda de Ômicron também não explica toda a desaceleração no ritmo de recuperação da confiança empresarial desde outubro de 2021”, lembrou Campelo Júnior, citando que os empresários também tiveram o otimismo abalado pela inflação resiliente, elevação nos juros, consumo das famílias enfraquecido e dificuldade de acesso a insumos e matérias-primas, por exemplo.
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) caiu 0,5 ponto em fevereiro ante janeiro, para 91,1 pontos, menor patamar desde abril de 2021, informou nesta sexta a Fundação Getulio Vargas (FGV). Em médias móveis trimestrais, o indicador recuou 1,7 ponto no mês, quinta queda consecutiva.
O superintendente de Estatísticas Públicas do Ibre/FGV acredita que o conflito da Rússia com Ucrânia tenha potencial para afetar o humor dos empresários industriais, caso encareça ou dificulte mais o acesso a insumos, o que agravaria “problemas de desabastecimento que estavam sendo resolvidos”.
“Tem potencial para afetar primeiro a indústria. Para dizer que afetaria outros setores teria que esperar para ver a duração do conflito”, ponderou Campelo Júnior.
O Índice de Confiança Empresarial reúne os dados das sondagens da Indústria, Serviços, Comércio e Construção. O cálculo leva em conta os pesos proporcionais à participação na economia dos setores investigados, com base em informações extraídas das pesquisas estruturais anuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a FGV, o objetivo é que o ICE permita uma avaliação mais consistente sobre o ritmo da atividade econômica.
O Índice de Situação Atual Empresarial (ISA-E) caiu 3,2 pontos em fevereiro ante janeiro, para 88,1 pontos. O Índice de Expectativas (IE-E) aumentou 1,9 ponto, para 93,3 pontos.
Entre os grandes setores que integram o ICE, comércio e construção mostraram reação na confiança em fevereiro, mas sob a influência de uma melhora nas expectativas. A confiança da construção subiu 0,9 ponto em fevereiro ante janeiro, enquanto o comércio aumentou em 2,1 pontos. A confiança dos serviços caiu 2,0 pontos. Já a indústria teve queda de 1,7 ponto.
A última coleta do Índice de Confiança Empresarial reuniu informações de 3.841 empresas dos quatro setores entre os dias 1º e 23 de fevereiro.
*Com Estadão Conteúdo