Aumento de pedidos de seguro-desemprego supera expectativa do mercado
Novos dados sobre mercado de trabalho dos Estados Unidos preocupa mercado financeiro e afeta os principais índices da bolsa de Nova York
O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos registrou 228 mil pedidos iniciais de seguro-desemprego na última semana, apontaram dados divulgados nesta quinta-feira (06).
O levantamento anterior foi revisado pelo governo de 48 mil para 246 mil pedidos pelo seguro na semana passada, possível razão do valor da semana encerrada no último sábado (1°) ter superado os números esperados pelo mercado.
Enquanto os calculados 1,823 milhão de pedidos contínuos por seguro-desemprego, também revisados pelo Departamento do Trabalho na semana passada para 1,817 milhão, ultrapassaram a projeção da semana do mercado de 1,699 milhão.
Junto aos temores do mercado financeiro sobre um freamento econômico mais acelerado e contexto do feriado da Páscoa, que reprime a liquidez dos mercados, os principais índices da bolsa de Nova York operavam em recuo após o anúncio desta quinta-feira.
Por volta das 11h15 (horário de Brasília), o índice Dow Jones desvalorizava 0,25%, a 33.400,63 pontos, junto ao Nasdaq que caia 0,16%, a 11.978,09 pontos. Já o S&P 500 apresentava queda de 0,15%, a 4.083,93 pontos.
Dados do mercado de trabalho
Na semana passada, o Departamento do Trabalho registrou 228 mil solicitações de seguro-desemprego, acima do número estimado por economistas consultados pelo jornal The Wall Street Journal que tinham um consenso de 200 mil.
Além dos pedidos de seguro-desemprego, foram divulgados dados de emprego nesta última terça-feira (06) e número de vagas abertas de trabalho em fevereiro que preocuparam os investidores.
Na próxima sexta-feira (07), de Páscoa, serão divulgados novos dados sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos, o chamado “payroll” – o relatório oficial de empregos do país –, o que pode ou não ser mais um relatório a demonstrar o fim das altas seguidas da taxa de juros estadunidenses.
Clique aqui e confira o relatório de pedidos do seguro-desemprego desta última semana.
Metodologia do ajuste sazonal
No relatório, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos advertiu a mudança na metodologia de aplicação dos ajustes sazonais em função das distorções causadas pelos efeitos da pandemia de Covid-19.
“Essas mudanças devem fornecer uma imagem mais precisa dos níveis e padrões de auxílio-desemprego, tanto para os pedidos iniciais quanto para os continuados”, ressaltou o relatório do governo.
Conforme explicou o texto, o ajuste sazonal pode ser determinado a partir de fatores multiplicativos ou aditivos, escolhidos em função do cenário econômico em questão, visto que os ajustes sazonais devem ser correspondentes ao volume do nível da série.
Uma vez que os fatores multiplicativos são mais sensíveis às variações, eles são preferidos em casos de estabilidade econômica. Da mesma forma que, caso usados em variações mais expressivas da economia, podem resultar na inferioridade ou superioridade sistemática de ajustes da série.
Em contrapartida, os fatores aditivos, que são vistos por não serem tão influenciados pela escala das variações e, logo, podem detalhar movimentações mais precisas, são a modalidade preferida em momentos de grandes alterações.
Deste modo, o modo multiplicativo do cálculo dos pedidos do auxílio foi deixado de lado em março de 2020, quando iniciou a pandemia. E retomado apenas após os efeitos julgados como mais impactantes terem passado. Hoje, o sistema responsável pelo levantamento utiliza um sistema híbrido.
“Embora o período pandêmico se mantenha dentro do período de revisão de cinco anos, a série UI (Seguro Desemprego) será tratada a partir de ajustamento híbrido. O período econômico mais volátil da pandemia, incluindo o período que vai de março de 2020 a junho de 2021, não foi revisto e continuará a ser baseado em ajustamentos aditivos. Antes e depois destes períodos, ambas as séries são ajustadas através de ajustamentos multiplicativos. Por uma questão de consistência, os fatores sazonais publicados são apresentados como multiplicativos com fatores aditivos convertidos em fatores multiplicativos implícitos e não serão sujeitos a revisão”, informou o relatório do governo.