Banco Central aumenta previsão de inflação para 2023
Inflação deve estourar teto da meta pelo terceiro ano seguido
O Banco Central elevou a estimativa para a inflação de 2023 e 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (15). As novas projeções do relatório de inflação de dezembro apontaram uma alta em 2023 de 4,6% para 5%, e em 2024 de 2,8% para 3%.
Ao mesmo tempo que o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) informou a melhora na expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,7% para 2,9%.
O relatório também indicou que o IPCA novamente não fechará dentro da meta do ano. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação, as chances da inflação furar o teto subiram de 93% para 100%. A probabilidade para 2023 agora é de 57%, contra 46%.
A inflação brasileira é medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado todo mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado registrado em novembro apresentou uma alta de 0,41%, abaixo do valor do mês anterior.
Inflação
A meta da inflação para 2023, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), segue em 3,25% com uma margem de oscilação de 1,5 pontos percentuais (de 1,75% a 4,75%). Embora o estouro da meta não esteja na projeção para 2023, o aumento da estimativa da inflação resulta no aumento da probabilidade de estouro.
Essa probabilidade estava em 46% em setembro, de acordo com os dados do BC. Os novos resultados informados nesta quinta-feira apontaram que ela aumentou para 57%.
Se a inflação de 2023 atingir um número acima de 4,75% (valor apontado antes da alta) e o cálculo do BC se confirmar, a inflação irá superar o teto pelo terceiro ano consecutivo. Em 2020, a inflação furou o teto com um acúmulo de 10%.
Caso o cenário se concretize, o Ministério da Economia deverá receber uma carta justificativa da superação da meta.
O BC disse em nota: “A inflação acumulada em quatro trimestres, depois de atingir pico de 11,9% no segundo trimestre de 2022, cai de forma significativa nos trimestres seguintes, chegando em 6% no final do ano, acima do limite superior do intervalo de tolerância (5%) da meta”.
PIB
O BC explicou que a alteração na expectativa do PIB de 2022 (de 2,7% para 2,9%) foi instigada pela “revisão da série histórica do PIB, que resultou na elevação do resultado interanual do primeiro semestre do ano”.
Já o Ministério da Economia calculou uma expansão para o PIB de 2022 em 2,7%, e para 2023, 2,1%.
Para 2023, a previsão de crescimento não alterada foi mantida em 1% pelo Banco Central. A perspectiva para o PIB do próximo ano foi calculada em setembro.
Fatores da inflação
Segundo o relatório do BC, entre os fatores que mais contribuíram para a alta foram as tarifas de energia elétrica residencial, que iriam ser isentadas com o corte tributário, e o aumento dos preços de alimentos. O relatório seguiu destacando o crescimento acima do esperado do etanol, vestuário e higiene pessoal.
Os pontos que influenciaram a alta da inflação podem ser apontados como consequências dos ocorridos durante o ano. A alta de combustíveis se deve à Guerra na Ucrânia, que desde seu início em fevereiro afeta a indústria petrolífera. Enquanto a alta nos bens de consumo foram referentes a oferta interrompida de produtos pela pandemia.
Selic
Além da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) realizou no início do mês sua última reunião monetária do ano, no qual a taxa de juros básicos da economia foi mantida em 13,75% por unanimidade.
A Selic é utilizada como uma ferramenta de recuo inflacionário pelo BC. Ela é abaixada quando a inflação caminha em correspondência com a meta definida, e aumentada quando a inflação se manifesta acima do esperado. A Selic está hoje em sua maior taxa em seis anos.