Banco Central é pressionado para baixar a Selic após inflação dentro da meta – ESTOA

Banco Central é pressionado para baixar a Selic após inflação dentro da meta

O mercado estima que a taxa volte a cair a partir de junho. A expectativa do UBS BB é de que a taxa de juros encerre o ano a 12,25%


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Na última terça-feira (11), o mercado foi surpreendido com a inflação que já estava acumulada há 12 meses dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Esse fato abriu espaço para que a autoridade monetária possa considerar cortes na taxa Selic, que está estagnada em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.

Este tem sido o maior embate do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à gestão de Roberto Campos Neto no Banco Central.

Pesquisa aponta antecipação da queda da taxa Selic

De acordo com pesquisa realizada pela Febraban, após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os bancos anteciparam sua expectativa de redução da Selic. 

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Na edição realizada em fevereiro, a maioria esperava queda de juros só no quarto trimestre, mas agora eles acreditam que isso deve começar já em setembro, com corte de 0,5 ponto percentual.


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“O levantamento captou melhora em relação à política monetária, com alguma antecipação das expectativas para o início da flexibilização monetária e queda de juros”, diz a Febraban.

Aproximadamente 63,2% dos entrevistados acreditam que o movimento ocorrerá no terceiro trimestre (ante 38,9% na pesquisa de fevereiro). 

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Após o corte de 0,5 pp previsto para setembro, os bancos esperam redução de 0,25 pp na reunião do Copom em novembro.

A maioria dos participantes da pesquisa (68,4%) avalia que a comunicação do Copom foi adequada em não sinalizar um horizonte de corte da taxa Selic. Para outros 26,3%, o colegiado já poderia condicionar o início da flexibilização em caso de piora da atividade/crédito, dando mais flexibilidade para sua próxima decisão.

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Gleisi Hoffmann questiona Campos Neto sobre “qual vai ser a desculpa” para não baixar os juros./Foto: Reprodução

Integrantes das alas do governo pressionam em favor da desaceleração da taxa

O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda não se pronunciaram sobre o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por estarem viajando para a China, mas as pressões pela queda da taxa de juros já começaram.

Em entrevista à CNN, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo está racionalizando os gastos e a Fazenda está fazendo o dever de casa com o arcabouço e a reforma tributária. 

“Essas iniciativas e mais o cenário mundial vão convencer o Banco Central a reduzir a taxa de juro já no próximo Copom”.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também questionou o Banco Central sobre “qual vai ser a desculpa” para não baixar os juros. 

Em seu Twitter, ela publicou, “com inflação em desaceleração, valorização do Real e a economia patinando pela falta de crédito e investimentos qual vai ser a desculpa agora do Banco Central pra não baixar os juros? Não tem mais como sustentar, Campos Neto”.


O Vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), também disse que a queda acima do esperado na inflação amplia o espaço para reduzir os juros.

 “Muito importante a queda da inflação, que não é socialmente neutra. Tira do mais pobre e passa para o mais rico. Ela ajudará na política monetária, que é a redução do custo do dinheiro. Esse é um fator fundamental para a atividade econômica”, disse Alckmin.

Análises de especialistas do mercado 

Uma pesquisa da Warren Rena com agentes do mercado aponta que 12,9% estão mais otimistas e apostam em cortes já em junho. 

Diogo da Silva, Analista de Investimentos CNPI da Estoa, acredita que com os últimos números do IPCA, a tendência é de que a taxa comece a baixar a partir do segundo semestre. “Existem muitas questões políticas, a briga do Lula com o Campos Neto para pôr em conta, por isso as possibilidades de surpresas não são tão baixas assim”. 

O UBS BB espera que o ciclo de queda da taxa Selic aconteça entre agosto e setembro de 2023, com maior probabilidade para o mês de setembro, contando com uma possível aprovação do novo arcabouço fiscal no Congresso.

A expectativa do banco é de que a taxa de juros encerre o ano a 12,25% e termine em 2024 a 9,5%.