Banco Central Europeu sobe taxa de juros em 0,5 ponto porcentual

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou o aumento da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, nesta quinta-feira (16) – é a sexta alta seguida.

A medida apresentada na última reunião do órgão, em fevereiro, pretende conter a inflação da Zona do Euro que se demonstra cada vez mais acelerada.

A expectativa do mercado, no entanto, era um ajuste de 0,25 ponto porcentual.

Em meio às recentes turbulências do setor bancário, a expansão da taxa de juros foi avaliada para enfatizar políticas em razões de dados econômicos.

A partir da decisão, a taxa anual de refinanciamento do BCE será elevada de 3% para 3,50%, da mesma forma que a taxa de depósitos irá de 2,50% para 3%. E a taxa de empréstimos passará de 3,25% para 3,75%. São as taxas mais altas desde outubro de 2008.

Decisão de aumento

O aumento foi determinado, de acordo com a nota divulgada, segundo o pressuposto de que os bancos da Zona do Euro são “resilientes”, a fim de controlar a inflação na zona causada pela pandemia de Covid-19 e reforçada pela Guerra na Ucrânia.

“O Conselho do BCE está monitorando de perto as atuais tensões do mercado e está pronto para responder conforme necessário para preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira na área do euro. O setor bancário do euro é resiliente, com fortes posições de capital e liquidez. De qualquer forma, o kit de ferramentas de política do BCE é totalmente equipado para fornecer apoio de liquidez ao sistema financeiro da área do euro, se necessário, e para preservar a transmissão harmoniosa da política monetária”, afirmou o comunicado da instituição.

Tensões no setor bancário

O derretimento das ações de um dos bancos mais relevantes no mundo, o Credit Suisse, na quarta-feira (15), assustou o mercado financeiro que já estava aflito após a falência de dois bancos norte-americanos dias antes, o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank.

Segundo o BCE, a alta foi apontada em resposta ao “elevado nível de incertezas” como meio de enfatizar a importância de uma “abordagem dependente de dados” condizentes.

“O elevado nível de incerteza reforça a importância de uma abordagem dependente de dados para as decisões de taxa de juros do Conselho do BCE, que serão determinadas por sua avaliação das perspectivas de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária”, disse o BCE.

Projeções

O Banco Central Europeu divulgou junto as expectativas atualizadas para a inflação e Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos anos. 

Para 2023, 2024 e 2025, o órgão manteve a inflação em 5,3%, 2,9% e 2,1%, respectivamente. 

Já o PIB foi previsto a crescer 1% em 2023, contra a antiga projeção de 0,5%. Enquanto para 2024 e 2025, a expansão é de 1,6%.

Discurso de Christine Lagarde

Em uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (16), a presidente do BCE, Christine Lagarde, reafirmou que a instituição, por enquanto, não identifica problemas de liquidez nos mercados da zona.

E, portanto, acompanha “de perto” o desenvolvimento do Credit Suisse, um dos principais bancos do continente e do mundo.

“Estamos determinados a levar a inflação de volta à meta de 2%”, Lagarde disse, porém destacou o “longo caminho a percorrer”.

Por fim, a presidente do BCE explicou que as projeções de dados foram concluídas no começo de março e, logo, não refletem os recentes temores do mercado.