BC sinaliza corte na taxa Selic em ata do Copom
Decisão do comitê divide opiniões de membros do colegiado
O Banco Central do Brasil (BC), divulgou a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que ocorreu entre os dias 20 e 21 de junho, na qual foi decidido que haverá uma manutenção na taxa básica de juros (Selic) em 13,75%.
No texto da ata, a instituição destaca que alguns membros do comitê não concordam com as decisões que devem ser tomadas nas próximas reuniões.
Ata do Copom
Na ata, é apresentado que existem dois tipos de grupos, que dividem opinião em relação às próximas reuniões no comitê. Um desses pede para que a instituição observe com mais detalhes as expectativas para acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis do ciclo.
“Entretanto, os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária”, aponta o texto.
A ata também destaca que: “(…) em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
O BC diz na ata que o processo desinflacionário no país ainda precisa de serenidade e paciência na condução da política monetária: “as expectativas de inflação seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), embora tenha ocorrido uma pequena diminuição da desancoragem na margem”.
No entanto, o comitê ainda destaca que sua análise possui uma elevação de expectativas, com um aumento nos preços no período corrente, assim como no processo inflacionário.
“Nesse contexto, o Comitê reforça que decisões que induzam à reancoragem das expectativas e que elevem a confiança nas metas de inflação contribuíram para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso, permitindo flexibilização monetária”, diz o texto da ata.
Cenário fiscal
Sobre os impactos do cenário fiscal, o comitê avaliou a inflação e a tramitação do arcabouço fiscal no Congresso Nacional, como uma maneira de reduzir a incerteza de risco fiscal no país.
“Permanecem desafios para o cumprimento das metas estipuladas para o resultado primário, ainda que, na discussão do Comitê, tenha se enfatizado o comprometimento e a apresentação de medidas para a consecução de tais resultados”, aponta o texto da ata.
Balança de riscos
Na avaliação do balanço de riscos, o comitê disse que não houve uma grande alteração no cenário prospectivo do hiato do produto.
Sobre a inflação de serviços e os núcleos de inflação, a ata diz que: “com relação à inflação de serviços e aos núcleos de inflação, nota-se um movimento lento de desaceleração em linha com o processo não linear projetado pelo Comitê”.
“(…) Além disso, as expectativas de inflação apresentaram algum recuo, mas seguem sendo ancoradas, em parte em função do questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras”, aponta o texto.
Fernando Haddad
Após a divulgação da ata, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que concorda com a decisão do BC em consertar a taxa Selic e aponta a decisão do comitê como uma “harmonização” das políticas monetária e fiscal.
“O Brasil está numa trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a monetária, que é algo que eu defendo desde dezembro, eu acredito que possa acontecer brevemente”, disse o ministro.
Na última quinta-feira (22), antes da divulgação da ata, Haddad afirmou que a decisão do BC em manter a taxa Selic em 13,75% ao ano poderia ser algo “muito ruim, como de hábito”.
O ministro também disse que: “estou muito preocupado com o que vai acontecer com a vida das pessoas. Nós estamos fazendo um esforço gigantesco de reversão de expectativas desde o começo do ano”.
Em seu novo comunicado feito hoje, Haddad abordou novamente as intenções do governo. “Acho que ficou claro que nós estamos no caminho certo e eu penso que a economia brasileira precisa, em virtude da desaceleração do crédito no Brasil, que é muito acentuada, considerar o esforço que está sendo feito no governo”.
Bolsa de Valores
Com a divulgação da ata do Copom, o índice da Bolsa de Valores Brasileira (B3) começou a operar em alta, mas virou para baixa ao longo do dia.
Às 16h, o Ibovespa registrava uma desvalorização de 1,0%, aos 117.050 pontos, depois de finalizar o último pregão em queda de 0,62%.