BC vai acompanhar quebra do SVB ao longo do dia, diz Haddad
Startups brasileiras tinham mais de R$ 50 mi no Silicon Valley Bank; quebra do 16° maior banco dos EUA é o maior colapso do país desde 2008
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta segunda-feira (13), analisar a medida do Federal Reserve diante do colapso do Silicon Valley Bank (SVB) como uma ação positiva.
Haddad disse que conversou com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao longo do fim de semana e afirmou que o BC ainda avaliará o decorrer do dia antes de determinar se alguma providência deve e será tomada.
A falência do SVB é o maior colapso bancário a acontecer nos Estados Unidos desde a crise de 2008.
Quebra do Silicon Valley Bank
Criado para atender os negócios do Vale do Silício, o SVB era especializado em financiar, principalmente, startups de tecnologia. Desta forma, sendo o 16° maior banco dos Estados Unidos.
Na semana passada, após uma corrida bancária, uma série de startups, clientes da instituição financeira, começaram a pedir resgate de capital em resposta a um plano de aumento. Foi apurado pelo Broadcast, do Estadão, que algumas startups brasileiras pediram resgate já na última quinta-feira (9), contudo, não foi confirmado que todas receberam os recursos de volta.
É estimado que startups brasileiras tinham mais de US$ 10 milhões no SVB – mais de R$ 52 milhões na cotação de hoje –, de acordo com o levantamento do Bloomberg Línea.
Já pelo jornal Estadão, a estimativa está mais perto de US$ 3 bilhões depositados no SVB, apenas por startups brasileiras.
Medidas do governo diante do Fed
Após a quebra do SVB e o fechamento do Signature Bank dois dias depois, divulgado nesta manhã, o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, lançou uma série de ações de emergência a fim de prevenir uma falência sistemática de bancos e, logo, desencadear uma crise econômica.
Nesta segunda-feira (13), o ministro da Fazenda disse que avaliou as medidas como respostas positivas. “As informações ainda não são suficientes para saber o tamanho do problema. A ação do Fed ao longo do final de semana foi positiva, garantindo os depositantes. [Essa] é a primeira providência que a autoridade monetária tem para evitar uma corrida bancária. Não é um banco de primeira linha, é um banco regional, que atua muito no Vale do Silício”, ele afirmou.
Segundo Haddad, é muito cedo para julgar a crise, porém, é necessário tratá-la com cautela de qualquer forma. “Não sei se vai gerar uma crise sistêmica, aparentemente, não. Não vi ninguém ainda tratar esse episódio como Lehman Brothers. Mas o fato é que é grave o que aconteceu, e o Fed agiu positivamente.”
O ministro disse ter mantido contato com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central que está em reuniões do Banco de Compensações Internacionais (BIS) na Suíça, e com outras entidades financeiras durante o final de semana.
Segundo Haddad, a autarquia ainda está avaliando a necessidade de novas medidas: “Com o Roberto Campos Neto voltando do BIS (Banco de Compensações Internacionais) para pilotar o Banco Central, vamos ver se a autoridade monetária no Brasil vai ter de tomar alguma providência, em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas. Isso não está claro ainda, vamos ter de acompanhar ao longo do dia”.
Repercussões no mundo
Como uma das providências do Fed e de demais instituições, foi garantido o acesso aos recursos depositados no banco até esta segunda-feira (13).
O aumento das taxas de juros, definido pelo Fed, foi previsto pelo Goldman Sachs a sofrer uma pausa este mês.
Além dos Estados Unidos que apresentaram quedas comparáveis à crise de subprime de 2008, a falência do SVB já está acarretando na implementação de medidas de emergência em outros países.
O índice bancário europeu, Stoxx, recuou 5,7% na semana passada – todas as 22 ações que compõem o indicador estão negativas.