Bolsas dos EUA caem na expectativa pela ata do Fomc e incerteza do teto da dívida
A minuta deve fornecer pistas reais sobre o futuro do juro americano
Nesta quarta-feira (24), as bolsas dos EUA operam em queda com investidores cautelosos diante do impasse do teto da dívida dos Estados Unidos. A expectativa pela divulgação da ata da reunião dos dias 2 e 3 de maio do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) , também contribui para o aumento do temor.
Às 11h (horário de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,61%, o S&P descia 0,71%, e o Nasdaq desvalorizava 0,66%, a 12.477,74 pontos.
A dificuldade das autoridades políticas americanas em conseguir um acordo para impedir um default da dívida americana permanece no centro das mesas de operações hoje.
“Como sempre nas negociações, é difícil decifrar o que é uma tática versus um obstáculo genuíno para um acordo, mas ontem os mercados de ações começaram a parar de dar às negociações o benefício da dúvida”, avalia Edward Park, CIO da Brooks Macdonald.
Ata do FOMC e opinião dos analistas
A ata do encontro do Fomc pode indicar que parte do comitê acredita que a taxa dos Fed funds já atingiu um nível suficientemente restritivo para a convergência da inflação para a meta, indicando uma menor propensão de seus membros por aumentos adicionais de juros.
Mesmo assim, a ata deve revelar um comitê mais dividido, em linha com as recentes declarações de dirigentes, observou o BTG.
A minuta do Banco Central dos Estados Unidos deve fornecer pistas de quais as chances reais de não haver novos aumentos do juro americano.
Aproximadamente 67% dos agentes do mercado seguem apostando em uma pausa no aperto monetário, mas as apostas em uma nova alta de 25 pontos-base cresceram 32%.
“Mesmo que os juros sejam mantidos [em junho], a campanha de alta do Fed pode não ter terminado. Dirigentes recentemente expressaram opiniões divergentes sobre os próximos passos. Além disso, o mercado está reduzindo constantemente a probabilidade de cortes de juros neste ano”, dizem os analistas do banco alemão, Berenberg.
De acordo com o CME Group, com base em análise dos futuros dos Fed Funds, o mercado divide sua expectativa majoritária para juros de 4,5% a 5% ao fim do ano, o que compreende um ou dois cortes até dezembro.
“O principal ponto de interesse de hoje é uma análise mais profunda da visão do Fomc sobre o estresse bancário regional e o impacto que isso pode ter na política monetária daqui para frente”, diz o banco BMO.
Impasse no teto da dívida dos EUA afeta mercados internacionais
O impasse nas negociações sobre o teto da dívida dos EUA continua afetando negativamente o humor dos mercados internacionais. A falta de progresso está diminuindo a tolerância em relação a esse cenário.
A maior parte dos índices europeus registraram queda de mais de 1%, seguido pelo aumento da inflação no Reino Unido, afetando os setores imobiliário e automotivo, piorando ainda mais o humor dos investidores.
Os mercados asiáticos fecharam no terreno negativo, com o Shanghai Composite, da China tendo queda de 1,28%, aos 3.204,75 pontos, seu nível mais baixo desde 13 de janeiro.
Na frente de dados, o sentimento empresarial dos fabricantes japoneses tornou-se positivo pela primeira vez este ano, de acordo com a pesquisa Reuters Rankin de maio.
No Reino Unido, a inflação continuou a desafiar as projeções em abril, subindo para 8,7%, superando as estimativas de 36 economistas e do próprio Banco da Inglaterra (BoE), que previam 8,4% para o período.
O núcleo do índice de preços ao consumidor (IPC) também acelerou para 6,8%, e o mercado já prevê mais aumentos nas taxas de juros, atingindo uma máxima de 5,5%.
Já o Banco da Central da Nova Zelândia aumentou sua taxa básica de juros em 25 pontos-base para 5,5% nesta quarta-feira. Este é o 12º aumento consecutivo da taxa desde outubro de 2021 e em linha com as expectativas de economistas consultados pela Reuters.