CNI: Nos últimos 6 meses 95% das pessoas perceberam alta de preços
Com a inflação persistentemente alta apesar das sucessivas elevações de juros pelo Banco Central, a população tem sentido cada vez mais no bolso o peso da alta dos preços disseminada por todos os setores da economia. Pesquisa foi feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Dados da CNI
De acordo com pesquisa encomendada pela CNI, 95% das pessoas sentiram que tudo ficou mais caro nos últimos seis meses. O porcentual é bem maior que os 73% registrados em novembro do ano passado.
Os dados fazem parte da pesquisa “Comportamento e economia no pós-pandemia”, realizada pelo Instituto FSB Pesquisa com 2.015 pessoas nos primeiros cinco dias de abril. Para 87% delas, os preços aumentaram muito nos últimos meses, enquanto 8% responderam que os preços cresceram um pouco.
No levantamento de novembro, 51% apontaram uma elevação grande dos preços e 22% sentiram um pouco de aumento.
Com a inflação sem dar trégua às famílias brasileiras, 76% dos entrevistados afirmaram que sua situação financeira foi afetada pela alta generalizada de preços, sendo que 54% já consideraram que suas finanças foram muito afetadas.
O porcentual total é semelhante aos 75% que se diziam impactos pela inflação em novembro, mas, naquela pesquisa, apenas 45% haviam apontado efeitos de maior magnitude sobre o orçamento doméstico.
Brasileiros esperam mais aumentos da Selic
Mesmo após nove altas seguidas da Selic pelo Banco Central – de 2,00% ao ano para 11,75% – a perspectiva de novos aumentos na taxa básica de juros, a pesquisa mostra que 66% dos brasileiros esperam que a inflação continuará aumentando nos próximos seis meses, sendo que 43% acreditam que os preços ainda vão aumentar muito à frente.
No levantamento anterior, de novembro, 54% dos entrevistados apostavam na piora da inflação e apenas 29% estavam no campo mais pessimista da resposta.
Embora mais pessoas percebam a alta da inflação e seus impactos na renda, diminuiu a quantidade de entrevistados que reduziram seus gastos. A pesquisa de abril mostra que 64% das famílias colocaram o pé no freio das despesas, ante 74% em novembro e 68% em julho do ano passado.
Considerando apenas os entrevistados que afirmaram ter reduzido gastos nos últimos seis meses, 49% fizeram um corte grande de despesas, sendo que 19% consideraram inclusive muito grande. Na pesquisa de novembro, 58% tinham feito grandes reduções de gastos, sendo maiores ainda para 20% delas.
A pesquisa mostra ainda que para 60% dos consultados agora, a redução de gastos será permanente. Além disso, 38% falam em continuar apertando as despesas nos próximos meses, enquanto apenas 11% enxergam espaço para gastar mais no período à frente.
Contas de consumo – luz, água, gás -, alimentos e combustíveis seguem sendo as prioridades no consumo dos brasileiros com pouco espaço para cortes. Já as despesas com vestuário, refeições fora de casa, eletrônicos, material de construção e TV por assinatura estão na mira da redução de gastos das famílias.
“A guerra travada na Ucrânia trouxe mais incertezas para a economia global, o que impulsiona a inflação e desperta o temor de retrocesso da economia em todo o mundo.
Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da renda da população. A principal delas é a reforma tributária. Não temos como fugir disso”, considerou, em nota, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
*Com Estadão Conteúdo.