Contas externas têm saldo negativo de US$ 5,9 bilhões em dezembro
Com o resultado, Brasil fechou 2021 com déficit de US$ 28,1 bilhões
As contas externas tiveram saldo negativo de US$5,9 bilhões em dezembro, informou nesta quarta-feira (26) o Banco Central (BC). No último mês de 2020, o déficit foi de US$8,5 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.
Com o resultado, o Brasil fechou 2021 com um déficit de US$28,1 bilhões em transações correntes, o que representa 1,75% do Produto Interno Bruto (PIB), ante US$24,5 bilhões (1,69% do PIB) em 2020.
O BC disse que o aumento no déficit, de US$3,6 bilhões, se deu em razão da ampliação de US$12,2 bilhões no déficit de renda primária, compensado parcialmente por aumentos de US$3,8 bilhões no superávit comercial e de US$ 1 bilhão no superávit da renda secundária e redução de US$3,8 bilhões no déficit em serviços.
Ainda de acordo com o Banco Central, o Investimento Direto no País (IDP) registrou uma saída líquida de US$3,935 bilhões em dezembro. No mesmo mês de 2020, houve ingresso líquido de US$1,1 bilhão. A estimativa do BC para o mês era de ingressos líquidos de US$3 bilhões.
O banco disse que a participação no capital, como compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros, foi negativa em US$2,3 bilhões. Enquanto as operações intercompanhia (como os empréstimos da matriz no exterior para a filial no Brasil) registraram saídas líquidas de US$1,6 bilhão no mês.
No ano de 2021, o IDP totalizou ingressos líquidos de US$46,4 bilhões (2,89% do PIB), ante US$37,8 bilhões (2,61% do PIB) em 2020.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos de longo prazo.
Assim, o resultado de 2021 do IDP é suficiente para cobrir o déficit em conta corrente de 1,75% do produto nos 12 meses.
Balança comercial e serviços
A balança comercial de bens foi superavitária em US$2,7 bilhões no mês de apuração, ante déficit de US$1,9 bilhão em dezembro de 2020. As exportações de bens totalizaram US$24,6 bilhões e as importações de bens, US$21,9 bilhões, incrementos de 32,2% e 6,7% em comparação a dezembro de 2020.
As importações no âmbito do Repetro (regime aduaneiro especial) somaram US$222 milhões em dezembro de 2021, ante US$3,8 bilhões em dezembro de 2020.
No ano de 2021 as exportações somaram US$283,3 bilhões, aumento de 34,7% ante os US$210,7 bilhões observados em 2020. As importações somaram US$247,6 bilhões, aumento de 38,9% em relação aos US$178,3 bilhões observados em 2020.
O Repetro é o regime aduaneiro especial que suspende a cobrança de tributos federais de exportação e de importação de bens que se destinam às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural, principalmente as plataformas de exploração.
O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros) somou US$1,9 bilhão em dezembro de 2021, aumento de 11,7% em relação a dezembro de 2020.
A conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$413 milhões, ante US$74 milhões em dezembro de 2020. Aluguel de equipamentos registrou despesas líquidas de US$640 milhões, redução de 31,9% na comparação com dezembro de 2020.
A conta de transportes registrou despesas líquidas de US$541 milhões, ante US$310 milhões em dezembro de 2020, seguindo a tendência de expansão da corrente de comércio exterior. No ano de 2021 o déficit em serviços somou US$17,1 bilhões, redução de 18,3% comparativamente ao déficit de 2020, US$20,9 bilhões.
O recuo de US$3,8 bilhões decorreu, principalmente, da redução nas despesas líquidas de aluguel de equipamentos (US$5,1 bilhões, contração de 42,6%), influenciada pela nacionalização de equipamentos no âmbito do Repetro.
Os investimentos diretos no exterior (IDE) apresentaram desinvestimentos líquidos de US$3,9 bilhões em dezembro de 2021, ante aplicações líquidas de US$1,1 bilhão em dezembro de 2020.
Em 2021, os fluxos de IDE totalizaram aplicações líquidas de US$19,2 bilhões, ante desinvestimentos líquidos de US$3,5 bilhões em 2020. O resultado deveu-se, principalmente, às aplicações em participação no capital, que somaram US$19,3 bilhões em 2021, ante desinvestimentos líquidos de US$4,8 bilhões em 2020.
Rendas
Em dezembro de 2021, o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou a US$6,9 bilhões, ampliação de 37,6% ante os US$5 bilhões no mesmo mês de 2020.
Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem os lucros para fora do país, do que de brasileiros no exterior.
As despesas líquidas de lucros e dividendos, associadas aos investimentos direto e em carteira, totalizaram US$4,6 bilhões, aumento de 105% em relação a dezembro de 2020. As despesas líquidas com juros somaram US$2,4 bilhões, ante US$2,8 bilhões em dezembro de 2020.
No ano de 2021 o déficit em renda primária totalizou US$50,5 bilhões, 31,9% acima do déficit de US$38,3 bilhões ocorrido em 2020. As despesas líquidas de lucros e dividendos somaram US$29,8 bilhões em 2021, 77,4% superiores ao valor observado em 2020, enquanto as despesas líquidas de juros somaram US$20,7 bilhões, patamar ligeiramente inferior aos US$21,6 bilhões de 2020.
Em dezembro, o estoque das reservas internacionais somou US$362,2 bilhões, redução de US$5,6 bilhões em comparação a novembro de 2021. O resultado decorreu, principalmente, em decorrência da liquidação de US$4,8 bilhões em vendas à vista e US$1,5 bilhão em concessão líquida em linhas com recompra. No ano, as reservas internacionais cresceram US$6,6 bilhões.
*Com Agência Brasil