Copom inicia reunião e expectativas do mercado sobre a taxa Selic aumentam
Presidente Lula volta a fazer críticas ao BC sobre a taxa de inflação
Nesta terça-feira (21), o Comitê de Política Monetária (Copom) inicia sua reunião, que vai até amanhã (22), no qual muitos analistas esperam que o Banco Central (BC) mantenha a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75%.
O comitê de política monetária (Fomc) do Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), também ocorre no mesmo dia das reuniões do Copom, portanto, movimentando o mercado esta semana.
Copom e Fed
A taxa Selic é um dos principais assuntos da reunião do Copom nesta semana. Analistas esperam que o BC mantenha o patamar atual do índice, assim como também que o Fed diminua o ritmo de alta dos juros nos EUA de 0,50 pontos percentuais para 0,25.
Ontem (20), o BC divulgou através do Boletim Focus uma nova projeção da inflação de 2023. A projeção do índice teve queda de 5,96% para 5,95%.
Já na última sexta-feira (17), a equipe econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também divulgou sua projeção da taxa de inflação e do Produto Bruto Interno (PIB).
Os analistas do presidente apontam uma estimativa de uma inflação menor em 5,31% — 0,64% abaixo dos 5,95%. Já o ministério da Fazenda, espera que o PIB cresça em 2023, apontando cerca de 1,6%, contra a expectativa do mercado de 0,88%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que a inflação do país está sob controle, entretanto, a taxa de juros precisa ser cortada, já que vem se mantendo em um alto nível há algum tempo.
Em uma entrevista virtual ao BNDES, o ministro disse: “Nossa inflação está mais controlada do que no resto do mundo e nossa taxa de juros está exageradamente elevada, o que significa espaço para cortes, no momento em que a economia brasileira pode e deve decolar”.
Já as expectativas para o Fed, é de que o BC dos EUA eleve os juros norte- americanos em 0,25%.
Em seu depoimento no Congresso americano, Jerome Powell, Presidente do Fed disse: “Os últimos dados econômicos vieram mais fortes do que o esperado, o que sugere que o nível definitivo dos juros provavelmente terá que ser maior do que prevíamos”.
A reunião do Fed se inicia amanhã (22), com o Comitê de Mercado Aberto do Banco Central americano (Fomc) divulgando o índice de inflação do país.
Governo e Banco Central
Há alguns meses o presidente Lula e seus ministros vêm criticando a autonomia do BC em relação à taxa de inflação do país.
De acordo com o ministro da Fazenda: “tomar as decisões corretas tanto do ponto de vista do arcabouço fiscal quanto do ponto de vista monetário — porque há espaço para isso — para que nós possamos convergir a política fiscal e a monetária”.
Haddad aponta que há muitas possibilidades para que a regra fiscal seja mais inteligente, sem descontrole e com um bom crescimento.
Nesta terça-feira, o presidente voltou a fazer críticas ao BC: “Vou continuar batendo, tentando brigar para que a gente possa reduzir a taxa de juros para que a economia possa voltar a ter investimento”.
Lula ainda pontuou que: “É irresponsabilidade o BC manter a taxa de juro a 13,75%”. Até este momento, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não respondeu às novas críticas feitas pelo presidente da República.
Opinião dos analistas
Já alguns analistas apontam quais as suas expectativas referente a taxa de juros definida pelo Copom na reunião.
A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) disse: “Acreditamos que a Selic deva ser mantida, ainda que tenham ocorrido alguns eventos no sistema bancário internacional que trazem riscos consideráveis à estabilidade financeira e ao cenário econômico”.
Já o chefe de estudos do Goldman Sachs aponta: “Esperamos que o Copom manifeste desconforto com a deterioração adicional das expectativas de inflação de curto e de médio prazos desde a última reunião (que leva a uma trajetória de inflação projetada mais alta e aumenta o custo da desinflação) e o alto nível e rigidez do núcleo da inflação (…)”
Por fim, a XP Investimentos diz que: “Reconhecemos, entretanto, a possibilidade de cortes mais cedo, a depender da evolução dos choques financeiros e da forma que o Copom optará por administrar o balanço entre desaceleração da atividade e convergência da inflação”.
Além do Fed e Copom, o mercado ainda espera pela divulgação do novo arcabouço fiscal, entretanto, o presidente disse que só divulgará o novo plano fiscal após sua viagem à China.