Covid-19: Avanço na China preocupa o mercado financeiro
Desde a confirmação dos novos casos, as informações têm influenciado nas expectativas e no desempenho do mercado no mundo inteiro.
Um novo salto acentuado de números de Covid-19 na China, é algo que está assustando o mercado nos últimos dias.
Na segunda-feira (14), de acordo com a Comissão Nacional de Saúde, foram confirmados 1.337 testes positivos para a doença, já na terça-feira (15), o número de casos de pessoas com covid-19 aumentou, chegando a 3.507, cerca de mais que o dobro dos números apresentados na segunda.
O mercado se preocupa referente a novas restrições que podem ocorrer ao funcionamento de diversas atividades, algo que já está acontecendo em Shenzhen, o Vale do Silício da China, local onde já foi decretado lockdown. Lockdowns na região de Xangai podem ser ainda mais críticos, segundo o JPMorgan.
Preocupações com onda de Covid-19
Uma das maiores preocupações que apresentam, é que a paralisação das atividades Chinesas ou em outros países, podem ocasionar em uma nova quebra na cadeia produtiva.
Isso significa que a oferta de matérias-primas e produtos vão ficar desorganizadas, o que acaba desajustando a distribuição global, podendo então, causar um novo foco de inflação em vários outros países.
O chefe da mesa de operações da Ação Brasil, Idean Alves, comenta que, “devido ao aumento de registros dos casos de covid-19 na China, o cenário de retomada das economias pode mudar, caso o crescimento de casos venha acompanhado de novas medidas de restrições.”
Ele acrescenta: “Isso acaba ocasionando novamente uma quebra da cadeia produtiva, assim como um eventual choque de demanda, face uma inflação crescente e uma política econômica global de aperto monetário.”
Caso essa possibilidade se confirme, é possível “ter um novo ajuste para baixo em relação aos ativos listados em bolsa, muito por conta do excesso de liquidez e da alavancagem deixada pelo bull market recente, que obriga uma boa parte dos investidores a zerar suas posições.” informou Idean.
De qual maneira os investidores podem se proteger?
Segundo especialistas ouvidos pelo InvestNews, o investidor precisa ter cautela nesse momento. É necessário que acompanhem com atenção as notícias sobre a covid-19 na China, antes de tomarem quaisquer decisões para sua carteira.
O investidor pode se proteger seus ativos da onda de covid-19 comprando ações que estejam ligadas a commodities, isso porque, provavelmente essa categoria de ativos acabará sendo menos impactada, informa Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
“E, obviamente, fugindo da exposição de produtos do varejo, empresas que importam muito da China”, acrescentou Jansen.
Já para Alves, a melhor maneira do investidor brasileiro se proteger, é reforçando sua posição em caixa, o que significa reduzir o tamanho da sua carteira de modo geral.
Alves acrescenta que, “comprar hedges tradicionais, como ouro e dólar, ou, para quem tiver o perfil mais arrojado, alocar parte em venda de BOVA11 (EFT que acompanha o Ibovespa) através de operações estruturadas”.
O CFA e fundador da Quantzed, Marcelo Oliveira, informa sobre covid-19 e investiementos que, “numa forte onda de coronavírus, veremos o que já estamos vendo, que é o pessoal migrando para a renda fixa”.
Temos tudo para ter em breve uma Selic na casa de 12,75%, já que o Copom subiu os juros mais uma vez, e avisou que vai subir novamente na próxima reunião. “Isso deixa a renda fixa muito atrativa”, concluiu Marcelo.
Alves reforça que, “muitas vezes, não fazer nada, também é uma maneira de se posicionar, em especial quando se compra bons ativos a bons preços”.
Ele informa que “a curto prazo, normalmente, assusta, só que os fundamentos da economia e das empresas tendem a se provarem ao longo do tempo, e é a isso que investidor deve se atentar, para evitar ficar refém dos ruídos de mercado”.
Como está o cenário?
Para certos padrões globais, a quantidade de número de pessoas que testaram positivo para a covid-19 na China, ainda é considerada pequena.
Segundo especialistas locais em saúde, o aumento de infecções diárias pelo covid-19 deverá determinar se a abordagem de tolerância zero realmente será tomada.
Mas, por outro lado, de acordo com as últimas atualizações, o presidente chinês, Xi Jinping, disse nesta quinta-feira (17) que o país precisa tomar medidas mais eficazes contra a doença, e minimizar o impacto da epidemia sobre o desenvolvimento econômico e social.