Desemprego cai para 9,3% em 2022, a menor taxa desde 2015
IBGE aponta recuperação e superação de impactos da pandemia; taxa havia atingido 13,2% em 2021
A taxa média anual de desemprego no Brasil atingiu 9,3% em 2022, com o resultado do último trimestre do ano. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o menor patamar desde 2015, que expressou uma taxa de 8,5% ao ano.
O estudo realizado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) demonstrou uma queda de 3,9 pontos porcentuais em relação ao valor indicado em 2021, quando marcou 13,2%.
O resultado é correspondente à retração de 7,9% na taxa de desocupação do trimestre encerrado em dezembro (7,9%).
Em comparação à menor média (6,9%), registrada em 2014, os dados informados nesta terça-feira mostram 2,4 pontos porcentuais à frente.
Recuperação pós-pandemia
Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, apontou o comportamento do mercado como acima dos resultados esperados pós-pandemia. “O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob o impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação. Em dois anos, a desocupação do mercado de trabalho recuou 4,5 p.p.”, explicou.
O instituto afirmou em nota a sinalização de desaceleração do índice como resultado de outros fatores. O contingente médio anual da população ocupada indicou um crescimento de 6,7 milhões de pessoas, o equivalente a 7,4% em relação a 2021.
Em 2022, o nível de ocupação manifestou 56,6% – dois anos após o ano de início da pandemia de Covid-19 no Brasil, que por sua vez atingiu o menor patamar (51,2%) em 2020.
Empregados com e sem carteira assinada e taxa de informalidade
Ambos os registros de trabalho com e sem carteira assinada apresentam incrementos significativos.
O emprego com carteira assinada cresceu 9,2%, correspondente a 35,9 milhões de pessoas, e, desta forma, seguiu com uma reversão da tendência iniciada em 2021. “Embora venha crescendo nos últimos dois anos, o índice ainda não é suficiente para atingir o patamar de 2014, o maior da série”, disse a coordenadora.
O número recorde atingido em 2014 representou 37,6 milhões de pessoas com carteira assinada, empregadas no setor privado.
Do mesmo modo que o trabalho sem carteira assinada exprimiu uma alta de 14,9% de 2021 para 2022. O aumento de 11,2 milhões para 12,9 milhões de empregados sem carteira retrata o novo recorde da série histórica.
“Nos últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego com carteira quanto do emprego sem carteira. Porém, é nítido que o ritmo de crescimento é maior entre os sem carteira assinada”, afirmou.
Em contrapartida, a taxa de informalidade sofreu uma leve queda de 40,1% para 39,6% em 2022. A redução mínima, no entanto, foi apontada por Beringuy por continuar em tendência superior ao valor do começo da série histórica, em 2016 (38,6%), e no início da pandemia, em 2020 (38,3%).
Trabalhadores domésticos, por conta própria e rendimento médio
Os trabalhadores por conta própria subiram para 25,5 milhões no último ano, com uma expansão de 2,6%. Já os trabalhadores domésticos e empregadores tiveram, cada um, um crescimento de 12,2% levando em consideração 2021.
Enquanto os trabalhadores domésticos totalizaram 5,8 milhões de pessoas, o número de empregadores chegou a 4,2 milhões.
Beringuy acrescentou a procura de trabalho como fator relevante na pesquisa: “O número de pessoas em busca de trabalho está 46,6% mais alto que em 2014, quando o mercado de trabalho tinha atingido o menor contingente de desocupados (6,8 milhões) da série histórica da Pnad Contínua”.
De acordo com o instituto, a média anual de rendimento demonstrou o maior patamar da série, com uma alta de 6,9%, valor condizente a R$ 261,3 bilhões, R$ 16,9 bilhões a mais do atingido em 2021. O valor médio do rendimento real habitual foi estimado em R$ 2.715 ao final de 2022 – 1% a menos do expressado em 2021.