Dívida Pública Federal atinge marco de R$ 6 trilhões em abril
Um aumento de 2,38% em relação a março
A Dívida Pública Federal (DPF) encerrou abril em R$ 6,032 trilhões, conforme divulgado na última segunda-feira (29) pelo Tesouro Nacional no Relatório Mensal da Dívida. O número corresponde a uma alta de 2,38% em relação a março (R$ 5,892 trilhões).
A Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFI) alcançou R$ 5,790 trilhões, crescimento de 2,33%. Já a Dívida Federal Externa somou R$ 242,4 bilhões (US$ 48,48 bilhões), aumento de 3,44%.
O relatório destaca que abril foi marcado pelo aumento da volatilidade no mercado internacional, especialmente em função das preocupações com a inflação e risco de recessão nos EUA.
“Foi um mês de melhora na percepção de risco. E, normalmente, meses em que há melhora na percepção de risco são bons para mercados emergentes”, disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital, em entrevista coletiva realizada na segunda.
Detalhamento da Dívida
As emissões da DPF correspondem a R$ 127,5 bilhões, já os resgates somaram R$ 35,28 bilhões, resultando em emissão líquida de R$ 92,30 bilhões.
Desse montante líquido, R$ 82,12 bilhões referem-se à emissão líquida da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna e R$ 10,19 referem-se à emissão líquida de Dívida Pública Federal Externa.
O percentual anual ficou em 22,90% da DPF, contra 22,09% em março.
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, esse valor é considerado alto em comparação com dados anteriores, sendo quase metade dessas emissões (49,6%) de títulos com taxas de juros fixas, e que essa é a maior emissão líquida desde junho de 2021.
“A gente teve um mês positivo para emissões e de baixo resgates, o que gera um volume elevado de emissão líquida”, declarou Vital.
A participação dos papéis pós-fixados na dívida pública variou de 39,08% em março para 38,84% em abril. Pelos limites do PAF (Plano Anual de Financiamento), essa participação deve variar entre 38% e 42% em 2023.
Os títulos prefixados representaram 24,81% da DPF (contra 24,70% da DPF em março). Os papéis ligados a índices de preços representaram 32,11% do total (32%). Já aqueles ligados ao câmbio ficaram em 4,24% (4,22%).
Pelos parâmetros do PAF, a participação dos papéis prefixados deve ficar entre 23% e 27% da DPF em 2023. Já os atrelados ao índice de preços devem variar de 29% a 33% e os papéis ligados ao câmbio devem ficar entre 3% e 7%.
Reserva de liquidez
Com relação à reserva de liquidez (colchão da dívida), o mês de abril foi encerrado em R$ 1,053 trilhão, ante R$ 973,56 bilhões em março. O colchão é suficiente para cobrir 8,55 meses de vencimentos de títulos à frente. Em março, o colchão era suficiente para cobrir 9,22 meses de vencimentos à frente.
A redução no indicador em meses indica o perfil de vencimentos futuros, com a entrada no cálculo dos montantes a vencer em janeiro de 2024.
Vital fez questão de destacar que o Tesouro segue com a estratégia de manutenção do colchão.
Gestão da dívida pública
Nos últimos dois meses houve uma queda de 1,20 ponto percentual nas taxas de juros futuros. Segundo Luis Felipe Vital, a melhora da conjuntura nacional observada desde abril deve facilitar a gestão da dívida pública, na avaliação do Tesouro Nacional.
“Isso naturalmente é mais favorável para a execução da estratégia de financiamento”, afirmou Vital, ao comentar o Relatório Mensal da Dívida (RMD) do mês passado.
O Tesouro destacou no RMD que, “a curva de juros cedeu” em abril “nos vértices médios e longos”. O movimento foi influenciado pela “leitura positiva dos investidores sobre a tramitação do arcabouço fiscal e perspectiva favorável de trajetória dos juros”.