Entenda a política de COVID-Zero na China e seus efeitos na economia – ESTOA

Entenda a política de COVID-Zero na China e seus efeitos na economia

As cidades responsáveis por movimentar a economia chinesa são impactadas com a política de COVID-zero


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Nesta terça-feira(29), os protestos organizados pela população chinesa contra as medidas de restrições do governo em decorrência do aumento de casos de COVID-19 diminuíram, devido à intervenção das autoridades do país. 

O incêndio em Urumqi, no qual 10 pessoas morreram e 9 foram feridas gravemente, é também um dos motivos pelos quais a população chinesa têm se manifestado nas ruas de Pequim e Xangai, já que, devido à política de COVID-zero, muitas pessoas não conseguiram escapar do incêndio. 

A política de COVID-zero 

A China apresentou nos últimos meses um aumento nos casos de COVID-19, com o registro de 1,52 milhões de pessoas infectadas, assim como a marca de 5.233 mil mortes. Portanto, o governo chinês adotou uma medida chamada de política de COVID-zero, no qual o acesso a várias cidades foi bloqueado.

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Muitas das cidades bloqueadas fazem parte da movimentação econômica do país. Deste modo, a situação financeira começou a se agravar, como na cidade de Shenzhen, onde cerca de 17,5 milhões de pessoas fazem parte do centro tecnológico, assim como Xangai, uma cidade que possui 26 milhões de pessoas que contribuem para o centro industrial, comercial e financeiro.   

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No início, a população chinesa tinha que respeitar algumas regras de restrições mais rígidas. Entretanto, o governo se mostrou mais flexível, no qual o isolamento de 10 dias passou a ser apenas de 8. Em casos de necessidades, em que a pessoa precise frequentar o centro, é necessário passar 5 dias em órgão públicos, quando voltar para casa devem ser 3 dias de isolamento social. 

Desde março de 2022, os centros de desembarque internacional também receberam regras rigorosas. Nos últimos meses, o país passou a liberar a movimentação para o desembarque.

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Politica de Covid-Zero impacta mercado financeiro na China de maneira negativa Créditos: Getty Images

As regras de lockdown na China 

A política chamada de “zero dinâmica”, é uma maneira de tentar fazer com que o vírus não afete pessoas que são vulneráveis, como o grupo de idosos. Alguns dos protocolos que o país tem utilizado desde o início desse ano são: 

  • As autoridades locais devem impor lockdowns rígidos, mesmo que apenas alguns casos de covid sejam encontrados;
  • Testes em massa são realizados, principalmente em locais onde casos foram relatados;
  • Pessoas com covid são isoladas em casa ou colocadas em quarentena em instalações governamentais;
  • Empresas e escolas são fechadas em áreas de lockdown;
  • As lojas também devem fechar,  exceto as que vendem alimentos;
  • Os lockdowns devem durar até que nenhuma nova infecção seja encontrada.

Cerca de 80% da população chinesa com 80 anos ou mais receberam suas vacinas, menos de 60% das pessoas com a idade entre 60 e 69 anos tomaram a vacina. Entretanto, o país ainda não esclarece qual outra medida protetiva contra a variante Ômicron o país vai adotar, mesmo que uma das principais vacinas tenha origem chinesa. 

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Como a política de Covid-zero impacta a economia na China? 

A China é considerada como um dos principais países que movimentam a economia ao redor do mundo, entretanto, com o lockdown, medidas protetivas rigorosas foram implementadas pelo governo do presidente Xi Jinping, fazendo com que o país enfrentasse uma desaceleração.

No segundo trimestre de 2022, a economia do país aumentou apenas 0,4%, já que as principais cidades onde os setores econômicos são importantes, passam por um lockdown rigoroso.

Cerca de 47 cidades chinesas responsáveis por movimentar a economia do país foram prejudicadas pelo isolamento, com 73 milhões de habitantes, que fazem parte de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), do país, impactam negativamente o crescimento econômico do país.  

De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas, muitas empresas precisaram reduzir ou parar com a produção. Em comunicado, o analista chefe da organização, Zhao Qinghe disse que o funcionamento das empresas foi fortemente prejudicado.  

Em abril deste ano, o valor da indústria chinesa caiu em 2,9%, o varejo teve queda de 11% e a venda de automóveis tiveram impacto negativo de 47%. 

O setor imobiliário, que é responsável pelo crescimento do PIB da China, também enfrenta grandes problemas. De acordo com o  Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da China, o E-House, as vendas neste setor  caíram em 52% nos primeiros meses em que a política de COVID-zero foi implementada, portanto impulsionando o risco de falência imobiliária. 

A Bolsa de Valores da China não ficou de fora e registrou quedas nos últimos meses, já que de acordo com diretor executivo da K2 Asset Management:  “Os mercados não gostam de incertezas e os investidores procurarão alguns esclarecimentos sobre os protocolos de lockdown doméstico muito severos da China”.

Ontem (28), a Bolsa de Valores chinesa fechou com grande queda devido aos protestos contra a política de COVID-zero, assim como também as Bolsas Valores norte-americana e europeia, que também foram impactadas pelas manifestações.  


Os protestos contra a política COVID-zero 

Em meio a uma semana de protestos na China contra a política de COVID-zero, nesta terça-feira (29), algumas manifestações não aconteceram devido a intervenção das autoridades.

Em Xangai, algumas barreiras foram erguidas ao redor da principal rota de protesto, onde a polícia efetuou várias prisões. Os policiais também foram vistos patrulhando lugares onde as manifestações aconteceram. 

Por mais que o governo chinês tenha implementado a política de COVID-zero, a China ainda não é considerada um dos países com os menores números de mortes e infectados pela doença, mesmo que o país seja responsável pela criação de algumas vacinas, elas ainda não apresentaram um resultado eficaz das demais criadas ao redor do mundo. 

Nesta terça-feira, em Hong Kong, dezenas de manifestantes reuniram-se no centro da cidade e no campus da Universidade Chinesa de Hong Kong, como uma forma de demonstrar solidariedade com os manifestantes da China continental.