Guerra na Ucrânia: marcas estrangeiras não fecharam na Rússia

Devido à guerra na Ucrânia causada pela invasão da Rússia, muitas marcas estrangeiras suspenderam suas operações na Rússia, porém, nem todas realizaram essa suspensão. Algumas marcas ainda mantêm lojas funcionando no país. 

As lojas que continuam abertas na Rússia, informam que é difícil fechar suas unidades no país por conta dos contratos.

Quais as marcas funcionando na Rússia mesmo em guerra?

As 4 empresas, Burger King, Mark and Spencer (M&S) e os dois grupos hoteleiros Marriott e Accor, possuem juntas quase 4 mil pontos de venda abertos na Rússia. Essas empresas seguem acordos de franquia, que dificultam a retirada de suas marcas do país ainda que haja uma guerra. 

É importante saber que essas empresas apenas emprestam sua marca para operadores do negócio da Rússia e não são donas dos empreendimentos que levam seu nome. 

O que muitos não sabem, é que existem várias empresas que mantêm esse tipo de acordo a muitos anos. As lojas Marks and Spencer são um exemplo de estabelecimentos que possuem esse acordo. Elas são operadas por uma empresa turca chamada FiBA, que possui o direito de vender os produtos na Europa Oriental desde o ano de 1999. 

Por causa da guerra, a loja Marks and Spencer suspendeu o envio de seus produtos para a FiBA. 

O dono da rede Burger King, informou que os seus restaurantes são administrados por franqueados e que “esses acordos legais de longa data não são facilmente mutáveis no futuro próximo”. 

A rede francesa Accor, que possui Ibis e Novotel entre suas marcas, está funcionando na Rússia sob acordo semelhante ao acordo do Burger King. Os grupos hoteleiros Marriott e IHG também se encontram na mesma situação que a rede Accor. 

Os hotéis da rede Marriott, localizados na Rússia, são de propriedade de terceiros. A Marriott disse que “continuará avaliando a capacidade desses hotéis permanecerem abertos”, o que dá a entender que estão analisando os acordos de franquia. 

Como funciona o acordo de franquia?

Esse modelo de franquia envolve o franqueador e o franqueado. O franqueador é uma empresa que estabelece o nome da marca, e o franqueado é a empresa que paga um valor de taxa pelo direito de realizar negócios em nome do franqueador, para poder vender seus produtos. 

O especialista em franquias britânicas e internacionais, Graeme Payne, informou que para muitas marcas, o modelo acaba sendo útil para conseguirem entrar em mercados de países diferentes. 

Payne acrescentou “você pensaria: por que eles simplesmente não fecham suas lojas? De uma perspectiva puramente comercial e contratual, é muito difícil fazer isso sem algumas consequências legais de longo alcance”. 

Esses acordos normalmente duram cerca de 10 anos, às vezes até mais. Caso ocorra a quebra do acordo, as empresas franqueadoras podem ser processadas pelos franqueados, trazendo sérias implicações financeiras.

Os acordos possuem uma cláusula que afirma que caso o franqueado esteja fazendo algo de errado que prejudique a imagem da marca e sua reputação, podem rescindir. Porém, Victoria Hobbs, sócia na firma Bird&Bird informa que nesta questão, muitos franqueados não estão fazendo nada de errado. 

Ela também informa que o problema é que “do ponto de vista da lei inglesa, eles realmente não têm o direito de encerrar o acordo”. 

Segundo o sócio da maior equipe de advogados especializados em franquias da Europa, John Pratt, informa que mesmo que uma dessas marcas conseguissem obter uma decisão judicial do Reino Unido, contra uma franquia na Rússia, os tribunais russos não iriam cumpri-la. 

No entanto, essas empresas implementaram medidas após a invasão da Rússia. 

Quais foram as medidas implementadas?

Os lucros que o Burger King está adquirindo de suas operações franqueadas na Rússia, estão redirecionando para esforços humanitários. 

A Accor suspendeu todas as futuras inaugurações de hotéis e interrompeu os serviços e a distribuição para hotéis afetados pelas sanções. Essa empresa possui 57 hotéis de mercado na Rússia e conta com 3.500 funcionários no país. 

O M&S está doando 20.000 casacos e térmicas, além de prometer cerca de 1,5 milhão de libras para apoiar os refugiados. 

Por fim, Marriott e IHG Hotel & Resorts, também interromperam empreendimentos e investimentos hoteleiros, fechando seus escritórios corporativos em Moscou, que são escritórios que eles próprios controlam. Ambos possuem 28 hotéis operando na Rússia.