Inflação anual da Argentina atinge 88% e pode ultrapassar 100% ainda em 2022
A inflação anual supera a da Turquia e registra uma alta de 76,6% nos dez primeiros meses do ano
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Dados (Indec), a Argentina registrou uma inflação mensal de 6,3% no mês de outubro, enquanto a taxa anual apontou uma superação de 88%. Os dados divulgados nesta terça-feira (15) demonstram a maior taxa de inflação no país desde 1991.
A inflação anual argentina se aproxima de 90%, supera a da Turquia e é esperada atingir 100%, conforme previsão do Banco Central da Argentina.
Taxa de inflação
A alta taxa de inflação foi, em sua grande parte, correspondida pelo aumento dos preços no setor de comunicação (12%) e alimentação e bebidas (6,2%). Os dados apontam uma alta de 76,6% dos preços no país, de janeiro a outubro deste ano.
Desta forma, a taxa de outubro se fixou levemente acima da taxa de inflação do mês passado, de 6,2%.
Contudo, o crescimento também ultrapassou a inflação da Turquia (85,5%), outro país que se vê diante de índices de inflação marcando números históricos, que, de acordo com análise de Refinitiv Eikon, registrou uma taxa de inflação anual acima da taxa da Argentina do último mês de outubro.
Embora a projeção do Banco Central da Argentina indique uma superação de 100% ainda este ano, o órgão prevê uma desaceleração da inflação nos próximos meses.
O país segue com uma inflação histórica desde de sua crise econômica de 1999 a 2002.
Recorte da alta dos preços
Ao total, os preços subiram 76,6% nos dez primeiros meses do ano, ou seja, de janeiro até outubro de 2022. Os setores com os maiores impactos no resultado foram os de telecomunicações, que tiveram uma alta de 12%, enquanto o setor de alimentação e bebidas, que obteve uma alta de 6,2%. Além disso, as bebidas alcoólicas também influenciaram a alta nos preços.
Os recortes apontados pela agência governamental de estatística (Idec) apresentaram os índices de inflação regionais da Argentina. Os dados demonstram a capital Buenos Aires e a região da Patagônia com as maiores taxas do mês, com um total de 6,6%. Em seguida, o Noroeste registrou uma alta de 6,3%, Nordeste com 6,2%, Pampeana com 6,1% e Cuyo com 6%.
Repercussão
As medidas tomadas pelo Banco Central da Argentina para controlar a inflação e seus impactos condizem com o cenário negativo do país. A taxa de juros foi de 69,5% para 75%, deste modo se tornando uma das maiores do mundo.
Desde a divulgação do levantamento do Idec, o presidente Alberto Fernández e a vice-presidente Cristina Kirchner ainda não se pronunciaram sobre.
Entretanto, Fernández já anunciou o congelamento dos preços de produtos e outros bens de consumo. A medida já é uma das mais populares do país, que mesmo em função de conter a inflação, não parece ser uma bem quista pela população.
No começo do mês, o ministro da economia, Sergio Massa, declarou o congelamento do preço de mais de 1,5 mil produtos mais uma vez. O último congelamento dos preços foi em outubro de 2021 até 7 de janeiro deste ano.
A política foi anunciada após revoltas e protestos nas ruas tomaram forma diante da alta dos preços e taxas de juros. Ela está prevista para entrar em vigor a partir de março do ano que vem, isso caso seja aprovada.
A projeção de melhora do Banco Central antecipada para ocorrer de modo gradativo nos próximos meses vai vir, contudo, somente depois de períodos tensos. O Banco Central da Argentina já está se preparando para pausar sua economia momentaneamente, pela segunda vez ao mês. A pausa em um dos períodos e ciclos mais estreitos do mundo pode de fato apresentar melhoras, porém somente com a estagnação e queda da inflação no país.