Inflação da Argentina supera 100% pela primeira vez em mais de trinta anos
Segundo os dados divulgados pela agência de estatísticas do país, o índice inflacionário atingiu os 102,5%
De acordo com os dados publicados pelo Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos), a agência de estatística do país, a inflação na Argentina superou 100% em fevereiro, em um resultado que é o maior desde o ano de 1991.
Além disso, a alta do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), principal índice inflacionário do país, registrada no segundo mês do ano foi de 6,6%.
Inflação na Argentina
O recorde registrado na base anual do indicador, de 102,5%, é o primeiro a ultrapassar a marca dos 100% desde o mês de outubro de 1991, quando o IPC alcançou os 102,4%. Na época, o país estava saindo de um processo de hiperinflação.
Além disso, o resultado também representa o maior valor desde setembro daquele ano, quando os níveis inflacionários estavam em 115%.
O avanço registrado durante o mês de fevereiro mostra, ainda, que a tendência é de que a situação piore, pois apresentou uma aceleração de 0,6% em comparação à variação positiva indicada pelo país durante o primeiro mês deste ano, de 6%.
Naquele mês, o acumulado do ano já beirava os 100%, somando, em um período de 12 meses até janeiro deste ano, 98,8%.
Isso faz com que, ao fim do primeiro bimestre deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor some uma variação positiva de 13,1%.
Além disso, de acordo com o Banco Central da Argentina, o patamar geral dos preços no varejo deve apresentar uma alta de 100% até o fim deste ano.
As recorrentes altas na inflação da economia argentina foram responsáveis por fazer com que os preços de bens e produtos de consumo do país mais que dobrassem ao fim do ano de 2022.
Dentre os grupos divulgados pela agência, uma das maiores variações positivas foi apresentada pelo setor de alimentos e bebidas. Dessa maneira, em fevereiro, o aumento mensal apresentado pelos itens foi de 9,8%.
Dessa forma, de acordo com o relatório publicado pela agência de estatística, “os itens com maior incidência geral foram alimentos e bebidas não alcoólicas, principalmente devido à incidência que representa em carnes e laticínios”.
Ao noticiar o patamar histórico do nível de inflação do país, uma das causas atribuídas à alta foi o avanço do preço das carnes que, no período de um mês, registrou uma variação de quase 20%.
Além disso, outro fator que contribuiu para que a precificação dos itens aumentasse é a piora das condições climáticas do país.
O período de secas causado pela onda de calor prolongada causaram impactos extremamente negativos para a criação de gado e para a manutenção das plantações.
Já no segundo mês do ano o nível inflacionário do país é extremamente superior ao objetivo estipulado pelo governo. A meta de inflação estabelecida pela gestão do presidente Alberto Fernández é de 60% na base anual para dezembro de 2023.
Tentativas de conter a inflação
A piora do cenário econômico e o aumento do custo de vida em geral foram suficientes para pôr a população nas ruas em manifestações, clamando medidas para conter o avanço dos preços.
As primeiras medidas apresentadas pelo governo do país são a emissão de uma nota de 2 mil pesos argentinos, atualmente, cerca de R$ 52,29 e o congelamento dos preços de produtos-chave, principalmente dos alimentos.
Posteriormente, o FMI (Fundo Monetário Internacional) também anunciou uma decisão na tentativa de frear a alta dos níveis inflacionários. Na época, a organização aprovou um pacote para a Argentina no valor de US$ 6 bilhões. O pagamento foi realizado em dezembro do ano passado.
Outra tentativa utilizada pelo governo do país para reduzir os níveis de inflação é a elevação das taxas de juros. Na última reunião do Banco Central da Argentina, a decisão foi de manter a taxa de juros em 75%.