IPCA-15 de dezembro aponta alta de 0,52%; o menor para o mês desde 2018, segundo IBGE
A alta registrada foi a mais baixa para o mês desde 2018, quando houve uma queda de 0,16%
Nesta sexta-feira (23), o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) obteve uma alta de 0,52% em dezembro em relação ao mês de novembro, dentro do que era previsto. A alta registrada foi a mais baixa para o mês desde 2018, quando houve uma queda de 0,16%.
De modo geral, o resultado é consequência de uma desaceleração considerável, e até mesmo uma certa deflação nos produtos e serviços com maior valor agregado, enquanto outros, mais básicos, registraram alta.
Fechamento de 2022
O resultado apresentado fez a taxa acumulada em 12 meses descer ao menor nível desde março de 2021, quando era de 5,52%. A taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses desacelerou de 6,17% em novembro para 5,90% em dezembro.
Em dezembro de 2021, o IPCA-15 tinha subido 0,78%.
A economista do BNP Paribas, Laíz Carvalho, aponta que os bens não duráveis desaceleraram de 0,92% para 0,78%, revertendo o movimento de forte aceleração observado em novembro, quando saiu de 0,13% para 0,92%.
No caso dos bens duráveis, o movimento de queda foi ainda mais intenso, com a alta de 0,18% de novembro sofrendo reversão para uma deflação de 0,33%. Em outubro, o segmento havia registrado deflação de 0,23%, debate.
“Em termos de política monetária, esta é uma boa sinalização, indicando que, passado o efeito de impactos sazonais do indicador e mesmo as distorções causadas por políticas econômicas recentemente implementadas, o aperto monetário atualmente em curso deverá ter ainda mais eficácia no conjunto da economia brasileira, contribuindo para que o próximo ano seja de uma inflação mais amena”, comenta Laiz.
O fechamento do ano de 2022 ficou abaixo do registrado em 2021, quando o IPCA-15 acumulou alta de 10,42%, mas acima do desempenho de 2020, quando houve elevação de 4,23%.
IPCA-15 registra alta de preços em grupos essenciais
Os gastos das famílias com alimentação e bebidas passaram de uma alta de 0,54% em novembro para 0,69% em dezembro, dentro do IPCA-15. No ano, o grupo acumulou um aumento de 11,96%.
A alimentação no domicílio subiu 0,78% em dezembro. As famílias pagaram mais pela cebola (26,18%) e pelo tomate (19,73%). Nos últimos três meses, a cebola ficou 52,74% mais cara, enquanto o tomate aumentou 49,84%. Em dezembro, houve altas de preços também no arroz (2,71%) e nas carnes (0,92%).
O destaque entre as altas foi novamente o plano de saúde (1,21%), que incorpora a fração mensal dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023.
O grupo de transportes saltou de 0,49% para 0,85%, principalmente por conta das passagens aéreas. O Goldman Sachs chama atenção também para o setor de combustíveis, com os preços subindo em 3,3% em novembro e 1,8% em dezembro.
Opinião dos especialistas
Para o banco Goldman Sachs, o cenário dos preços domésticos ainda é desafiador e a perspectiva de que os principais bancos centrais do mundo continuarão com políticas monetárias conservadoras deve pressionar o Banco Central brasileiro.
“A dinâmica da inflação subjacente ainda é desafiadora, dadas as pressões ainda disseminadas sobre a inflação básica e de serviços em um cenário de aperto no mercado de trabalho, e a expectativa de deterioração do mix de políticas macro e micro, com uma grande expansão fiscal em 2023 e possivelmente além”, avalia.
A Eleven destaca que o IPCA-15 teve uma composição majoritariamente benigna, com desacelerações relevantes nas medidas subjacentes que retiram parte da pressão acumulada ao longo do ano. “Ainda que os núcleos sigam em processo de alívio, as medidas seguem operando em patamar acima do compatível com o regime de metas”, aponta.