Ministro diz que aumento ainda não foi fechado
Para acalmar os ânimos, o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse, ontem, em reunião com policiais, que o reajuste de 5% para todos os servidores públicos, acordado na semana passada entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda não foi fechado e, assim, não está afastada a prometida reestruturação das carreiras da segurança pública.
A reunião entre Torres com a cúpula da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional ocorreu na sala de reuniões do Palácio da Justiça e durou cerca de duas horas e meia.
Também marcaram presença deputados ligados à chamada “bancada da bala”, como Sanderson (PL-RS) e José Medeiros (PL-MT).
O encontro teve pouco efeito prático, mas serviu para as categorias exporem a insatisfação com a proposta de reajuste linear de 5% para civis e militares a partir de julho, que não atende à promessa feita por Bolsonaro aos profissionais de segurança pública por uma reestruturação.
Policial federal de carreira, o chefe da Justiça se comprometeu a levar a pauta ao presidente.
Pressão acerca do ministro da Justiça
De acordo com presentes na reunião, delegados federais alertaram o ministro de que manterão a pressão por mudanças reais no plano de carreira da PF e têm assembleia com os sindicatos estaduais marcada para hoje.
A ideia é deliberar sobre as ferramentas que serão adotadas daqui para frente, como greves e abordagens corpo a corpo em parlamentares e auxiliares do governo.
Base estratégica
Bolsonaro tem forte interesse em agradar aos policiais federais, considerados base eleitoral importante do presidente, pré-candidato à reeleição.
Porém, o governo vê o compromisso assumido pelo presidente como arriscado, diante da possibilidade de incendiar ainda mais a mobilização de outras categorias, como servidores do Banco Central e da Receita Federal, também insatisfeitos.
Por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal, qualquer aumento com despesas de pessoal precisa constar da folha de pagamento de julho, antes de 180 dias do fim do mandato presidencial.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa de Anderson Torres não se manifestou sobre o tema.
*Com jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo.