Quais as expectativas sobre a última reunião do Fed os juros nos Estados Unidos?
Analista da ESTOA fala sobre as suas expectativas para a reunião e a decisão sobre a Política Monetária no exterior
Nesta segunda-feira (12), o Banco Central da Europa e o mercado financeiro dos Estados Unidos se preparam para a última reunião do Federal Reserve (Fed), que se inicia nesta terça-feira (13). Sua decisão, entretanto, deve ser anunciada na quarta-feira (14).
De acordo com o monitor de juros do CME Group, quase 80% do mercado financeiro esperam que o Fed apresente uma alta de 50 pontos-base nos juros. Portanto, o Fed teria que desacelerar o ritmo do aperto monetário, que teve quatro altas seguidas de 75 pontos-base.
Banco Central Europeu
O Banco Central Europeu e o Banco Central da Inglaterra vão anunciar na quinta-feira (15), as novas altas nas taxas de juros. A expectativa do mercado financeiro é de que a autoridade monetária da zona do euro desacelere o ritmo de aperto monetário, com um ajuste de 50 pontos, assim como também ambas instituições podem apresentar novas projeções macroeconômicas.
Em novembro, a inflação na Europa subiu para 11,1%. De acordo com o Banco Central da Inglaterra, foi devido ao aumento dos preços da energia e dos preços dos alimentos, que em setembro deste ano, estava em 10,1%.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Inglaterra sofreu uma queda de 0,2%, enquanto o índice de desemprego no Reino Unido aumentou em 3,6% no final de setembro. Deste modo, a autoridade monetária havia considerado que o país já entrou em uma recessão técnica.
No entanto, o Banco Central da Inglaterra, também disse que a média das projeções do mercado aposta em uma nova alta de 50 pontos-base, de 3,5%. Sendo assim, a autoridade monetária da Inglaterra vem sinalizando que está divida em relação ao aperto necessário para controlar a inflação de dois dígitos.
Estados Unidos
Na última sexta-feira (9), o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou o Índice de Preços ao Produtor (PPI), que avançou em 0,3 % entre outubro e novembro. O resultado superou a expectativa dos analistas, que definiram um aumento de apenas 0,2%.
Após o resultado do PPI, as Bolsas de Valores nos EUA caíram, com preocupações sobre a escalada da inflação, assim como também com a postura mais rígida do Fed.
A expectativa para o anúncio do presidente do Banco Central norte-americano Jerome Powell prevê que, em dezembro, haverá novamente um aumento, mas dessa vez mais brando.
Com a possibilidade cada vez maior de que a alta de juros seja de 0,50%, chegando ao nível de 4,5%, cresce também a expectativa dos investidores em relação à 2023, para que seja discutido quando o ciclo de altas deve cessar.
Mercado financeiro
O mercado financeiro tem se manifestado nesta segunda-feira sobre a reunião do Fed, apresentando suas expectativas para os resultados que serão divulgados pelo Presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
O economista sênior da Oxford Economics disse que a “economia nunca foi tão mal amada quanto agora”, já que de acordo com o economista, há um conjunto “bipolar” de circunstâncias que as autoridades do Fed vão analisar em sua reunião de política monetária de dois dias esta semana.
De acordo com o Analista de Investimentos CNPI da ESTOA, Diogo Gil M. da Silva: “A reunião do próximo dia 14 é a última do ano, que foi marcada pelos fortes reajustes das taxas de juros mundiais”.
“As altas foram realizadas com intuito de controlar a inflação que atingiu altos níveis em todo o mundo, causado, principalmente, por dois fatores: I) Aumento da demanda, em razão da injeção de dinheiro na economia para mitigar os impactos econômicos e sociais causados pela pandemia do COVID-19 e II) A queda da oferta de determinados produtos causada pela guerra na Ucrânia”, afirma.
Diogo falou, também, sobre as expectativas do mercado financeiro com a reunião do Fed: “Em vista dos últimos dados econômicos apresentados pela economia estadunidense desde a realização da última reunião do FED, as expectativas do mercado passaram de um aumento de 0,75 p.p. para 0,50 p.p.”.
“(…)Embora, de primeira vista, possa parecer um resultado animador, faz-se necessário adotar uma postura mais cautelosa para poder tentar conjecturar as próximas ações do FED”, disse.
“Por mais que os números, momentaneamente, estão favoráveis, o presidente do FED, Jerome Powell, já deixou claro sua postura mais rigorosa com relação à inflação, ainda que nos últimos dias tenha dado indícios de uma maior condescendência com o aumento dos juros”, aponta o analista da ESTOA.
Digo também afirmou que: “Powell deixou claro que o aumento iria depender dos dados apresentados até a reunião. Se nessa semana o FED aumentar em 0,50 p.p.,nada garante que o aumento será igual ou menor na próxima reunião, porém, a postura mais Hawkish de Powell enfrenta um problema, que é a retração econômica causada pelos juros altos”.
Por fim, o analista aponta que: “Se por um lado há a inflação, por outro lado há a recessão, que também causa grande preocupação não só nos Estados Unidos, mas no mundo, tendo em vista a importância do país americano para a economia mundial, que já enfrenta o mesmo problema com a China, segunda maior economia do mundo”.
“Tendo em vista essa dualidade, a tendência é que Powell adote um teto menor dos juros, porém, mantendo a taxa alta por um maior período”, finaliza.
Alguns investidores em títulos disseram que as curvas de rendimento da taxa de juros são investidas, sendo visto como um sinal para a recessão.
Na quarta-feira (14), após a reunião, o Fed apresentará suas projeções sobre como as autoridades acham que os juros podem precisar se mover, quanto tempo devem permanecer estáveis e como a economia poderá reagir com o resultado desses juros.