Risco internacional: Ibovespa se anima e espera Copom e Fed
Apetite a risco internacional impulsiona o Ibovespa, após quatro pregões de queda. Investidores reagem a expectativas de negociações entre Rússia e Ucrânia, que devem ser retomadas nesta Super Quarta, dia em que sairão os resultados das reuniões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.
Além da busca de investidores por risco internacional, a notícia que também alivia é de que a China adotará políticas favoráveis aos mercados de capitais e tomará medidas para evitar e contornar riscos no setor imobiliário. O minério de ferro reagiu em alta de 6,65%, a US$ 145,24 a tonelada, no porto chinês de Qingdao.
“Começou melhor mas está entregando um pouco por conta da possibilidade de acordo entre Rússia e Ucrânia”, avalia Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing.
Pontos do Ibovespa com busca por risco internacional
A melhora de humor no exterior anima o Ibovespa, que mira a faixa dos 111 mil pontos e segue renovando máximas nesta primeira hora de negociação. A alta no índice abrange boa parte da carteira, com destaque para ações ligadas ao setor metálico, sobretudo Vale, de quase 3,5%.
A redução da aversão a risco também é vista no dólar, que cede para a faixa de R$ 5,139. Petrobras também avança, em torno de 0,20%, na esteira da alta do petróleo. O minério também fechou em alta.
Porém, o vencimento de opções sobre o índice pode gerar alguma instabilidade. Além disso, há a espera pelas decisões de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) (à tarde) e pelo Comitê de Política Monetária (Copom), no início da noite.
A valorização do índice Bovespa vem após ter fechado ontem, aos 108.959,30 pontos, em queda de 0,88%, ao menor nível de encerramento desde 24 de janeiro (107.937,11). Por isso, analistas ressaltam que seria importante retomar a marca dos 112 mil pontos, a fim de evitar piora.
“Seria bom buscar os 115 mil pontos. Foi a 109 mil pontos e isso é perigoso. Se mantiver os 111 mil pontos, ficará de lado. Para ganhar tendência de alta, precisa ir acima dos 115 mil pontos”, avalia Eboli.
No exterior, destaque para a afirmação do ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Segundo ele, um “espírito empresarial” está ganhando forma nas negociações com a Ucrânia, que agora buscam estabelecer um status neutro ao país invadido pelos russos.
Conforme a MCM Consultores, os comentários positivos de autoridades russas sobre um acordo com a Ucrânia e as promessas de dirigentes econômicos da China de adotar medidas de estímulo à economia e de apoio aos mercados locais impactam positivamente nos ativos de risco. “Reunião do Fed será o destaque da agenda nos EUA. Discurso ‘hawkish’ de Jerome Powell presidente do Fed pode impactar negativamente nos mercados”, cita a nota.
No Brasil, a expectativa é que o Copom eleve a Selic de 10,75% para 11,75% ao ano, hoje, deixando a porta aberta para os próximos passos, avalia em relatório o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, por “estarmos em ambiente instável.”
Ficam ainda no radar as novas críticas do presidente Jair Bolsonaro à Petrobras. Após renovar críticas à estatal por ter anunciado o reajuste dos combustíveis antes da aprovação, pelo Congresso, das mudanças no ICMS sobre diesel e gás de cozinha, o chefe do Executivo afirmou que a estatal “com toda a certeza” reduzirá os preços diante da queda na cotação de petróleo no mercado internacional.
Às 11 horas, o Ibovespa subia 1,69%, aos 110.799,06 pontos, ante máxima diária aos 111.037,85 pontos (alta de 1,91%).
*Com Estadão Conteúdo.