Taxa Ptax é influenciada por queda do dólar
O dólar volta a operar em queda no mercado local, acompanhando a desvalorização global da moeda americana e sob pressão da disputa técnica em torno da formação da taxa Ptax referencial do fim de abril. Há ainda compasso de espera pelas decisões de política monetária do Copom e do Federal Reserve, ambos na próxima quarta-feira (dia 4 de maio).
Os maiores beneficiados com o recuo da moeda americana são os investidores vendidos em contratos cambiais (apostaram na baixa das cotações), que devem atuar na ponta de venda para tentar diminuir eventuais perdas em suas posições.
Já os “comprados” em câmbio podem reagir ainda, visando puxar o dólar para cima, a fim de melhorar o ganho mensal, uma vez que o dólar à vista acumula alta de 3,75% em abril, enquanto a taxa Ptax contabiliza valorização maior, de 5,77%. Em 2022, no entanto, a moeda americana apura baixa de cerca de 12% frente o real.
O petróleo e os juros dos Treasuries em alta nesta manhã de sexta-feira são contrapontos, num dia em que o mercado olha também indicadores locais: a nota de setor externo, com os dados de fevereiro e março, além da taxa de desemprego pela Pnad Contínua no trimestre até março, já divulgada há pouco.
O Banco Central informou que o País registrou um déficit em conta corrente de US$ 10,479 bilhões no ano até fevereiro, maior que a mediana das projeções do mercado (-US$ 1,550 bi).
O investimento direto no país (IDP) somou US$ 11,843 bilhões em fevereiro e US$ 16,552 bilhões no ano até fevereiro – acima de todas as projeções (de US$ 4,50 bi a US$ 11,20 bi; mediana de us$ 10 bi).
Desocupação
Já a taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,1% no trimestre encerrado em março, bem perto do piso das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11,0% e 11,7%, com mediana de 11,4%.
Em igual período de 2021, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 14,9%. No trimestre encerrado em fevereiro de 2022, a taxa de desocupação estava em 11,2%.
A agenda do dia, contudo, não deve alterar a aposta de aumento de 100 pontos-base da Selic, para 12,75%, no desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima quarta-feira.
Apesar de haver consenso no mercado sobre a alta de maio, que foi amplamente sinalizada pelo Banco Central, a maior parte do mercado, porém, não acredita no “plano de voo” de fim do ciclo de aperto em maio, como também indicou o BC.
Segundo o Projeções Broadcast, de 51 casas, 12 preveem juros terminais de 12,75%, enquanto uma projeta 13,00% e 26 estimam 13,25%. Outras 12 instituições veem o fim do ciclo em 13,50% ou mais.
Taxa de juros nos EUA
Nos EUA, de outro lado, a ferramenta do CME Group que monitora a expectativa para a taxa de juros básica do país aponta para uma probabilidade de quase 90% de que o Fed aumente o juro em 75 pontos-base na sua reunião de política monetária marcada para junho.
Isso porque há chance de 96,5%, segundo o monitoramente, de que a alta promovida pelo BC americano na semana que vem seja de 50 pontos-base, à faixa entre 0,75% e 1,00% ao ano.
Nesta sexta-feira, os servidores do BC fazem assembleia para deliberar se voltam ou não à greve.
Às 9h35, o dólar à vista caía 0,88%, a R$ 4,8970. O dólar futuro para junho, mais negociado a partir de hoje, recuava 1,02%, a R$ 4,9430.
*Com Estadão conteúdo.