Especialistas apontam dificuldade em cumprimento de promessas feitas por Lula – ESTOA

Especialistas apontam dificuldade em cumprimento de promessas feitas por Lula

Sobre a expansão do presidente eleito, a especialista diz: ” Então vai ser inevitável um aumento de carga tributária para arcar com todos esses gastos.”


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O presidente recém-eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, possui em seu plano de governo uma vasta ampliação de gastos públicos para financiar investimentos e programas sociais. Este modelo de negócio poderá implicar diretamente no cumprimento de suas propostas e na economia do país.

O país que Lula irá assumir em 2023, possui um cenário completamente diferente dos anos anteriores em que ele exerceu seu mandato, no período de 2003 a 2010, na qual não só o Brasil como o mundo vivia um momento de fartura e crescimento.  


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Agora, Lula se depara com uma economia global à sombra de uma recessão e um Brasil ainda altamente endividado e sem dinheiro livre para novos investimentos.

Opinião dos especialistas diante desse cenário 

“Os próximos quatro anos serão desafiadores”, disse o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo.

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“Com a aceleração da inflação no mundo desenvolvido, será um período de políticas contracionistas e, se não de recessão, certamente de desaceleração substancial, o que vai reduzir também a taxa de crescimento do Brasil.” Completou.

A missão se torna ainda mais difícil para Lula com o fato de encontrar um Congresso em que o número de senadores e deputados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro cresceu. 

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Isto significa uma oposição mais sólida e uma necessidade ainda maior de negociação e concessões.

De acordo com economistas da CNN, esses são alguns dos obstáculos que serão impostos ao futuro presidente. Essas restrições tornarão ainda mais difícil a tarefa de transformar as promessas realizadas em campanha em realidade.

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Lula em discurso/Foto: Reprodução

Algumas das promessas do governo Lula

Dentre suas promessas está a ampliação do programa Bolsa Família “para garantir renda compatível com as atuais necessidades da população”. O auxílio será mantido em R$ 600,00 com adicional de R$ 150,00 por criança de até seis anos;

Isenção do imposto de renda para todos que ganham menos de R$ 5.000 por mês;

Acabar com o Preço de Paridade Internacional (PPI) e criar uma nova política de preços de combustíveis, que considere os custos nacionais de produção;

Promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas;

Também é pilar importante de suas promessas a retomada dos reajustes acima da inflação para o salário mínimo, política que permeou todos os anos de gestão petista e que, desde o início do governo Bolsonaro, em 2019, está suspensa. De lá para cá, o piso nacional está congelado em termos reais.


A economista Alessandra Ribeiro, da Tendências, considera difícil Lula bancar toda essa expansão, em especial a permanência de um auxílio social a R$ 600,00 sem aumentar imposto em nenhuma frente.

Cada reajuste no salário mínimo é uma das principais fontes de aumento dos gastos do governo, já que implica em um crescimento imediato em boa parte de sua gigante folha de salários, aposentadorias e benefícios sociais, quase todos atrelados ao mínimo.

“Hoje há fatores que estão ajudando a receita, mas que vão perder força, como os preços das commodities e a inflação alta”, disse ela. “Então vai ser inevitável um aumento de carga tributária para arcar com todos esses gastos.”

Lula também diz que irá rever a regra do teto de gastos, dispositivo criado em 2016 que bloqueia o governo de ampliar seus gastos acima da inflação e que, para investidores e mercado financeiro, é peça fundamental para manter a credibilidade do país.

Longo prazo

Para José Márcio Camargo, da Genial, o principal problema caso Lula siga para uma agenda econômica de expansão de gastos sem racionalidade está no longo prazo.

Alessandra destaca que as próprias alianças formadas por Lula são algo que deve forçá-lo a abrir mão de parte de suas intenções.

“Ele tem a necessidade de fazer muita coalizão e colocar muita gente diferente no mesmo barco, o que força ao centrismo”, afirmou. “Isso aumenta o risco de uma certa paralisia no governo.”