Haddad diz que decisão do Copom em manter taxa Selic em 13,75% pode ser: “muito ruim, como de hábito”
Ministro também destaca que Ata do Copom pode trazer uma nova sinalização na queda dos juros
Ontem (22), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil (BC), em manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano pode ser algo “muito ruim, como de hábito”.
Entre as críticas feitas em relação às últimas decisões do comitê referente aos juros do país, Haddad disse que o Copom confronta a estratégia do governo.
Haddad
Durante uma coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (22), em Paris, o ministro comentou sobre a última reunião do Copom divulgada na última quarta-feira (21), na qual o comitê decidiu manter a taxa em 13,75% ao ano.
De acordo com Haddad, o comunicado não sinalizou qual será o início do ciclo de queda no juros: “Nós estamos contratando um problema com essa taxa de juros. É isso que essa decisão significa. Está contratando inflação futura e aumento da carga tributária futura. É isso que está sendo contratado”.
Haddad disse que o Copom deveria sinalizar quando ocorrerá um corte de juros e destaca quais as partes que ele discorda sobre a Ata da reunião: “O comunicado, como de hábito, é o quarto comunicado muito ruim. Todos foram ruins. E às vezes ele corrige na Ata, mas não alivia a situação. Há um descompasso entre o que está acontecendo com o dólar, com a curva de juros, com a atividade econômica”.
“É um claro sinal de que podíamos sinalizar um corte na Taxa Selic”, aponta Haddad durante a coletiva em Paris.
Copom
O Copom publicou um comunicado explicando que diversas medidas foram tomadas em relação à inflação subjacente, explicando que elas seguem acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta .
O comitê também afirmou que essa conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária: “Os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica(…)”.
No texto, o comitê também afirma que continuará trabalhando para que não só o processo de desinflação, assim como também de ancoragem em suas metas seja alcançado pela instituição.
Banco Central
O governo vem criticando o nível de taxa de juros, assim como também a autonomia do BC em manter o índice desde janeiro deste ano.
Haddad apontou que o Copom confronta a estratégia do governo: “Eu estou muito preocupado com o que vai acontecer com a vida das pessoas. Nós estamos fazendo um esforço gigantesco de reversão de expectativas desde o começo do ano”.
O ministro mencionou em suas falas que o BC deveria começar a usar o Boletim Focus apenas como subsídios para tomada de decisão: “A pesquisa não pode substituir a autoridade monetária. Tem uma pesquisa que está errando há seis meses, pode até continuar levando em conta, mas tem que sopesar so argumentos”.
Nesta semana o Boletim Focus divulgou suas projeções para taxa Selic com queda para o mês de agosto, indo de 13,75% para 13,50% ao ano, com um corte de 0,25 pontos percentuais.
Com as expectativas para 2024 recuando em de 10,0% para 9,50%, após 17 semanas, já para 2025 se manteve em 9,0%, assim como para 2026 que continuou em 8,75%.
O ministro aponta que a decisão do Copom pode impactar as contas públicas e que está preocupado em relação aos impactos fiscais negativos no cenário estadual e federal que uma manutenção na taxa Selic podem causar.
“Os estados estão perdendo arrecadação, os municípios estão perdendo a arrecadação, a União não está performando (como poderia) (…) Estou muito preocupado com o que vai acontecer na vida das pessoas”, finaliza Haddad.