Haddad indica Gabriel Galípolo para diretoria de políticas monetárias do BC
Com consenso de Lula e Campos Neto, o secretário-executivo da Fazenda irá integrar diretoria da autarquia e Copom
O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, anunciou o secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, para assumir a diretoria de Política Monetária do Banco Central nesta segunda-feira (8).
Junto ao Auditor-Chefe do BC, Ailton Aquino dos Santos foi nomeado para o cargo de diretor de Fiscalização da autarquia. Caso aprovado, Aquino será a primeira pessoa negra a exercer um cargo na cúpula do Banco Central.
Os mandatos prévios de seus respectivos cargos encerraram em 28 de fevereiro. Para assumirem, Galípolo e Aquino devem ser aprovados pelo Senado Federal.
“Todo mundo é testemunha do esforço que vem sendo feito no sentido de permitir uma coordenação maior das políticas fiscal e monetária, no sentido de integrar mais e de dar uma perspectiva uniforme para o país, um direcionamento único”, declarou Haddad.
Após a nomeação, na segunda-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, conversou com Galípolo. O diretor da autarquia parabenizou e deu boas-vindas ao número dois do Ministério da Fazenda.
Copom e determinação da Selic
Secretário-executivo da Fazenda e braço-direito de Haddad, Galípolo é previsto para ser a “voz” do governo federal e do Brasil na autarquia, segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
“Vai contribuir muito primeiro para pacificar essa pauta, que já deu o que tinha que dar em matéria de politização. Ele é uma pessoa preparada que vai ser a voz do governo federal, a voz também do Brasil dentro do Banco Central”, disse Tebet em Brasília.
Composto pelo presidente e os oito diretores do órgão, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne a cada 45 dias para determinar a taxa básica de juros. Atualmente em 13,75% ao ano, a Selic é assunto de recentes críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao BC.
Apesar do contexto turbulento, a nomeação de Galípolo ao cargo não articula um enfrentamento com o presidente do BC, que parabenizou a indicação do secretário-executivo. Em consenso do presidente Lula e Campos Neto, Galípolo já era previsto para assumir a diretoria, o anúncio apenas aguardava a escolha de seu substituto na Fazenda.
Sua atuação, no entanto, será analisada cautelosamente pelo governo e mercado, uma vez que a possibilidade de suceder Campos Neto em 2025 aumenta caso a taxa de juros caia.
Evidentemente, um voto diante de nove não é suficiente para alterar o rumo da Selic, contudo, Galípolo é previsto a ser uma presença de contraste nas decisões do Copom.
Como diretor de políticas monetárias, Galípolo será responsável pela administração dos mecanismos de políticas cambial e monetária da autarquia. Desta forma, irá administrar instrumentos de operações de câmbio e juros.
Tramitação no Congresso Nacional
Com o Congresso, Galípolo mantém uma relação amistosa com o Senado – que determina a sua aprovação – desde o início de sua atuação pública. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou nesta segunda-feira ser “um nome que agrada o Senado”.
Em contrapartida, o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), afirmou ter sido surpreendido pela nomeação. Após reunião da comissão, Cardoso afirmou ao Poder360 ter falado com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para discutir possíveis nomes a integrar o BC, porém, a conversa nunca aconteceu.
“Estava em São Paulo com o presidente [do Senado] Pacheco, e fiquei sabendo pelo anúncio do ministro [da Fazenda] Haddad. Há 15 dias, o ministro [Alexandre] Padilha me procurou para dizer que logo mais falávamos sobre os nomes da diretoria do BC, mas não houve essa conversa”, afirmou.
“Não recebi ainda a formalização dos dois nomes [Galípolo e Aquino] por parte do governo”, declarou o senador. “Vai depender do momento político. Tudo funciona a partir do termômetro do momento.”
Já na Fazenda, o nomeado para substituir o cargo de secretário-executivo da pasta é Dario Durigan, atual diretor da Meta (antiga Facebook) no Brasil.