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IPCA cai 0,08% em junho e registra primeira deflação de 2023

Esta é a maior queda para o mês desde junho de 2017



Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11), o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), o medidor oficial da inflação no Brasil, registrou queda de 0,08% durante o mês de junho.

Além de ser a primeira deflação desde o mês de setembro de 2022, esta é a primeira e a maior queda para o mês desde 2017, quando uma contração de 0,23% foi registrada.


Inflação cai em junho

Com a queda, a elevação acumulada do indicador em 2023 atinge os 2,87%. No período de 12 meses, a elevação chegou aos 3,16%. No mês anterior, em maio, o IPCA somou uma alta de 0,23%.



Apesar de representar o primeiro movimento negativo neste ano, a queda foi menor do que o projetado pelo mercado financeiro. De acordo com o consenso Refinitiv, esperava-se uma contração de 0,10% na perspectiva mensal e alta de 3,17% no acumulado em 12 meses.

A melhora no quadro da inflação segue os descontos nos preços dos automóveis, alimentos e combustíveis.

Preço dos alimentos cai em junho/Foto: Germano Lüders/Exame

Mesmo assim, durante o mês de julho, o indicador deve sofrer pressão por conta do retorno da cobrança integral de tributos sobre os combustíveis.



Ainda na semana passada, segundo uma pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Nacional e Biocombustíveis (ANP), o preço do litro da gasolina apresentou uma alta de, em média, 5,8%.

Destaques

“Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, afirmou o analista da pesquisa divulgada pelo IBGE, André Almeida, em nota.



Assim, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto, o grupo de Alimentação e bebidas (-0,66) obteve o maior impacto no resultado geral para o mês, contribuindo com -0,14 ponto porcentual.

Dentro deste conjunto, a alimentação no domicílio registrou a maior queda, com recuo de 1,07%, pressionada pelos subitens óleo de soja (-8,96%), frutas (-3,38%), leite longa vida (-2,68%) e carnes (-2,10%).

Segundo o analista, por serem commodities utilizadas como insumos para a ração animal, a queda dos preços dos grãos, como a soja, impactou “indiretamente os preços das carnes e do leite”. Houve impacto direto no preço do óleo de soja.


Logo em seguida, aparece o conjunto de Transportes (-0,41%), com contribuição de -0,08%. Neste grupo, é possível citar a pressão da queda dos combustíveis, de 1,85%. 

Os subitens de maior impacto foram o óleo diesel (-6,68%), etanol (-5,11%), gás veicular (-2,77%) e gasolina (-1,14%). A maior contribuição individual veio do automóvel novo, com impacto de -0,09 p. p.

Outras reduções significativas foram observadas no grupo de Artigos de residência (-0,42%) e de Comunicação (-0,14%).

Na perspectiva das contribuições de alta do indicador, o setor de Habitação se destacou, liderando tanto o impacto quanto a variação em, respectivamente, 0,10 p. p. e 0,69%, pressionado pela energia elétrica residencial (1,43%).

Possibilidade de corte nos juros

A deflação registrada no mês reforça as perspectivas de um corte na taxa Selic, os juros básicos da economia, que o mercado financeiro manifestou. 

A próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve ocorrer em agosto, entre os dias 1 e 2. Atualmente, o custo dos empréstimos se encontra em 13,75% ao ano.

Comitê de Política Monetária/Foto: Divulgação – Banco Central

De acordo com a última publicação do Boletim Focus, o mercado financeiro já projeta a inflação para este ano cada vez mais próxima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Dessa maneira, ela será considerada formalmente cumprida se, desta maneira, o IPCA finalizar 2023 entre 1,75% e 4,75%. 

Os analistas e instituições consultados pelo Banco Central preveem, assim, que a inflação chegue aos 4,95% ao fim deste ano.