Amaro entra em recuperação extrajudicial com dívida de R$ 244,5 milhões – ESTOA

Amaro entra em recuperação extrajudicial com dívida de R$ 244,5 milhões

O pedido da companhia foi aceito ontem (28), motivado por ações que colocam em risco suas atividades empresariais. A empresa também cita crise no setor varejista


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A varejista de moda Amaro, solicitou à justiça de São Paulo no último dia 22, a homologação de seu pedido de Recuperação Extrajudicial, processo em que a empresa faz acordo com seus credores visando estabelecer um plano de reestruturação. 

A companhia soma dívidas de R$ 244,5 milhões, sendo R$ 151,8 milhões em dívidas bancárias e R$ 92,8 milhões com fornecedores.

Pedido de Recuperação Extrajudicial aceito 

O pedido da companhia foi aceito ontem (28) pela justiça, na 3ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. 

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O plano abrange somente pagamentos das dívidas quirografárias, os que não possuem um direito real de garantia, e adesão de 41,63% deles.


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Dentre os motivos para que o pedido pudesse ser concedido rapidamente, a companhia cita ações que sofre na Justiça, “que colocam em risco as atividades empresariais, em virtude da iminência de atos de constrição de patrimônio, falência e/ou despejo das lojas”.

A empresa também cita que o setor de varejo tem sofrido com a alta da taxa de juros e com a volatilidade do câmbio. Esses fatores aliados a problemas internos, gerou um aumento considerável do passivo da empresa nos últimos anos.

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O plano teve aprovação de credores que representam 41,63% do que é devido, o equivalente a R$ 101,8 milhões.

Ao aprovar o pedido, a juíza ressalta que a reestruturação foi fruto de negociações com os principais credores abrangidos e que a empresa cumpriu os requisitos legais para a homologação judicial.

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Analista afirma que outras varejistas podem se beneficiar da recuperação judicial da Amaro/Foto: Reprodução

Posicionamento da companhia

Em nota, a Amaro disse que chega a um acordo com os seus principais credores e define plano de reestruturação, em “um cenário de juros extremamente altos e retração de crédito, especialmente para o varejo, a Amaro protocolou um plano de Recuperação Extrajudicial como parte do processo de reestruturação do negócio”.

A empresa afirma que tem como objetivo preservar sua liquidez e adequar a sua estrutura de capital para fortalecer a operação. A companhia também frisou que o plano visa a manutenção do relacionamento com fornecedores e parceiros.

Entendimento de caso

Na decisão, tomada no último dia 24 de março, a empresa informou que em outubro de 2021 contratou um banco de investimento para captar recursos.

Além de assinar um termo de exclusividade com um fundo de investidores, no início de 2022, a varejista chegou a conseguir duas linhas de crédito junto ao Itaú e ao Santander, para manter o fôlego financeiro até o fechamento da rodada de investimento.

“Contudo, em virtude da crise no mercado de crédito relacionado aos setores de tecnologia e ‘venture capital’, o fundo postergou o investimento para o ano seguinte.”

De acordo com o relato, o insucesso na busca por novos investidores e pela renegociação das condições de pagamento dos créditos fornecidos pelo Itaú e pelo Santander, a Amaro se viu obrigada a implementar planos de austeridade de gastos.


Ações das varejistas operam em queda

Nesta quarta-feira (29), as ações das empresas de varejo vestuário caíram em bloco, após o anúncio da recuperação judicial

Por volta das 11:35, os papéis da Renner (LREN3) recuaram – 3,41%; as lojas Marisa (AMAR3) – 2,90%; e os da C&A (CEAB3) caíram – 1,38%.

A única ação que ficou de fora do bloco de queda foi a da Arezzo (ARZZ3). Apesar de começar o dia no vermelho, o papel inverteu o cenário e subia 1,12% no mesmo horário.

A analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, afirmou que as varejistas com maior foco digital devem se beneficiar do pedido de recuperação extrajudicial da Amaro. 

“Depois da pandemia, boa parte do consumo de moda voltou para o varejo físico, e quem compra na Amaro hoje é quem realmente prefere comprar moda digitalmente”, afirma a analista.

Ela também ressalta que o setor como um todo está descontado na bolsa de valores. “Se escolher bem e tiver paciência para esperar, dá pra ganhar dinheiro com esse setor”, reitera a analista.