Americanas (AMER3) afasta diretores e executivos após rombo contábil sem previsão de retorno – ESTOA

Americanas (AMER3) afasta diretores e executivos após rombo contábil sem previsão de retorno

A companhia alega que o objetivo é contribuir com as apurações das inconsistências de R$ 20 bilhões que levaram a varejista à recuperação judicial


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A Americanas (AMER3) afastou os diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, assim como outros três executivos, para seguir com as investigações do rombo contábil bilionário que levou a varejista à recuperação judicial.

Diretoria da Americanas é afastada sem previsão de retorno

O período em que eles ficarão fora da companhia, ou mesmo o retorno deles, está condicionado à apuração das investigações.

Anna Saicali comandava a plataforma Ame Digital, Meirelles era o diretor de plataformas digitais e Barros o responsável pelas lojas físicas. 

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Saicali e Meirelles foram CEOs da B2W, companhia de e-commerce do grupo, que se fundiu com as Lojas Americanas em 2021 para formar a Americanas S.A., que se encontra em recuperação judicial atualmente.

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Diante disso, praticamente toda a diretoria encontra-se afastada, com exceção do CEO, João Guerra, e da CFO, Camille Faria.

Além do trio de diretores, também foram afastados os executivos Fábio da Silva Abrate (ex-diretor de RI da B2W e diretor da Ame), Flávia Carneiro (que atuava na controladoria) e Marcelo da Silva Nunes (ex-diretor financeiro da B2W).

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A reportagem realizada pelo Estadão apurou que há suspeita de envolvimento por parte dos executivos afastados no processo que desembocou na descoberta da fraude. 

Apesar de o rombo ser referente aos balanços dos últimos anos, estes diretores já estavam sem acesso à contabilidade da empresa e a e-mails corporativos desde o dia 11 de janeiro.

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“O objetivo [é] de contribuir plenamente com as apurações em curso pelo comitê independente e autoridades envolvidas e sem qualquer antecipação de juízo”, declarou a companhia, em comunicado ao mercado.

De acordo com comunicado, Americanas terá uma nova estrutura com o afastamento dos diretores. Foto: Reprodução

Recuperação judicial

A gigante do comércio varejista brasileiro, entrou com pedido de recuperação judicial em 19 de janeiro, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A requisição, realizada em caráter de urgência, serve para manter a solvência da empresa apenas oito dias após a descoberta do rombo contábil.  

A crise envolvendo a Americanas fez com que a companhia também solicitasse no último dia 25, uma extensão dos efeitos de proteção assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil, devido à cobrança de bancos e credores por conta do não pagamento das dívidas.

O principal intuito da empresa através do pedido é blindar os ativos da varejista nos Estados Unidos, assim como foi feito no Brasil.

A companhia pagava fornecedores por meio de uma triangulação com os bancos, mas os pagamentos não foram devidamente dimensionados e realizados, gerando o rombo.

O trio de acionistas Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, que detém 31% da Americanas, já afirmou que desconhecia a existência de irregularidades na companhia. 

Em conversas reservadas com o Estadão, representantes de bancos afirmam não acreditar na versão de que o comando da Americanas não soubesse de eventuais fraudes na contabilidade.


Eles apontam uma sequência de fatos que deixam as instituições financeiras com desconfianças em relação à versão contada pelos acionistas majoritários.

Reestruturação

Ao solicitar a recuperação judicial, a empresa já havia anunciado a instalação de um comitê independente liderado pelo jurista e ex-diretor da CVM Otávio Yazbek, e a contratação da Rothschild. Mencionou ainda a nomeação da executiva Camille Loyo Faria para o cargo de diretora financeira (CFO).

De acordo com o comunicado, a Americanas terá uma nova estrutura com o afastamento dos diretores. A empresa irá apontar novas lideranças, sendo elas internas e externas. 

Para realizar o gerenciamento da recuperação judicial, a varejista contratou a Alvarez & Marsal; a consultoria da Deloitte Touche Tohmatsu fará a assessoria contábil.

João Guerra, que veio do RH da companhia, segue como CEO até a nova eleição, que acontecerá em 2024. Algumas outras mudanças também devem acontecer para garantir a operação da companhia.