Americanas (AMER3) pede nos EUA uma extensão dos efeitos de recuperação judicial no Brasil
A companhia possui o intuito de proteger ativos nos Estados Unidos, como foi realizado no Brasil
A Americanas (AMER3) pediu na última quarta-feira (25), nos Estados Unidos, uma extensão dos efeitos de proteção assegurados em seu processo de recuperação judicial no Brasil. Esse processo é conhecido como “Chapter 15”, de acordo com um documento judicial.
O principal intuito da empresa através do pedido, é blindar os ativos da varejista nos EUA, assim como feito no Brasil.
Contudo, a companhia declarou à Reuters que o documento não representa um pedido de recuperação judicial naquele país.
Americanas declara dívida de R$ 41,2 bilhões
Nesta quarta-feira, foi divulgada uma lista com os débitos e credores das Americanas na qual totalizam uma dívida de R$ 41,2 bilhões.
Segundo o documento, “os diretores aprovaram, por unanimidade, a apresentação do pedido de recuperação judicial da Companhia nos Estados Unidos da América, estendendo os efeitos, incluindo também a proteção oferecida”. O documento foi entregue à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Ao todo, a varejista deve R$ 41.231.076.111,35, desse total, R$ 109.484.866,54 se referem a micro e pequenas empresas; R$ 64.842.121,99 são créditos trabalhistas e R$ 41.056.749.122,82 são créditos quirografários (crédito sem garantia).
Empresas de tecnologia, bancos e até fabricantes de chocolates também aparecem no documento. As Americanas dizem ser “a maior varejista de ovos de Páscoa do mundo” e usou isso como argumento no pedido de recuperação judicial.
Recuperação judicial
A crise das Americanas foi divulgada no dia 11 de janeiro, quando o então presidente da companhia, Sérgio Rial, revelou o rombo de R$ 20 bilhões no balanço da empresa e logo renunciou ao cargo.
A empresa declarou que menos de seis horas após a divulgação do problema, credores já haviam cobrado o pagamento antecipado das dívidas, “fechando as portas para qualquer tipo de negociação”.
A gigante do comércio varejista brasileiro, entrou com pedido de recuperação judicial no dia 19 de janeiro, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A requisição, realizada em caráter de urgência, serve para manter a solvência da empresa apenas oito dias após a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões, sendo um dos maiores escândalos corporativos do Brasil.
Na data, a empresa comunicou que mantinha em caixa apenas o montante de R$ 800 milhões, tornando a operação insustentável. A título de comparação, o valor é expressivamente menor que os R$ 8,6 bilhões declarados no terceiro trimestre de 2022.
A justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da varejista no último dia 19, com a companhia citando dívidas de cerca de R$ 43 bilhões.
Credores citados no pedido de recuperação judicial
No pedido de recuperação, a companhia citou a piora nas conversas com credores e fornecedores, a consequente redução na posição de caixa e a necessidade de manter a operação como um dos principais motivos para o pedido, sendo este o quarto maior da história do país.
Nele, estavam incluídas as empresas B2W Lux, empresa que atua no marketplace das Americanas, totalizando R$ 4,1 bilhões. E também a JSM Global e ST Importações, deixando de fora a Ame, fintech que vinha recebendo forte impulso do ecossistema de lojas físicas e online da companhia.
Um dos maiores credores da companhia é a Ambev, pertencente aos mesmos acionistas da varejista, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. A dívida declarada é de R$ 4,1 milhões.
O pedido de recuperação judicial alega que as Americanas possuem cerca de 40 mil empregados e 3.600 lojas físicas, entre as maiores ‘RJs’ do país. O grupo das maiores operações do tipo no país inclui Odebrecht, com R$ 98,5 bilhões em dívidas em 2019; Oi, com R$ 65,4 bilhões em 2016; e Samarco (R$ 50 bilhões) em 2021.