B3 registra R$ 2,4 bi de investimento estrangeiro desde a eleição de Lula
Enquanto Ibovespa cai 6,27%, estrangeiros investem R$ 2,4 bilhões no mercado brasileiro
A Bolsa de Valores brasileira registrou R$ 2,4 bilhões de capital estrangeiro desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 30 de outubro até a última quinta-feira (24), dois dias antes do fechamento do mês.
De acordo com um levantamento realizado por Einar Rivero, do TradeMap, a diferença entre o fluxo gringo registrado em setembro e até o último dia 24 é de mais de R$ 1,8 bilhões.
Enquanto o Ibovespa caiu 6,27% no mês, até a última segunda-feira (28), resultado correspondente à reação negativa do mercado doméstico diante da eleição do petista, os estrangeiros indicam ir para o caminho contrário.
Capital gringo
Segundo o levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, entre o dia 31 de outubro e a última quinta-feira 24, a B3 recebeu um fluxo gringo de R$ 2,4 bilhões. Inclusive, somente no primeiro pregão após a noite de apuração dos votos, dia 31 de outubro, a Bolsa brasileira registrou uma entrada de R$ 1,9 bilhões de fluxo estrangeiro.
O mesmo registro do mês de setembro foi R$ 585,3 milhões, desta forma, uma diferença de mais de R$1,8 bilhões de entrada.
Enquanto o mercado doméstico registra quedas, visto que a dois dias antes o fechamento do mês, o Ibovespa registrou uma desvalorização mensal de 6,27%, os investidores gringos não parecem estar preocupados.
O especialista em renda variável da Aplix Investimentos, assessoria de investimento credenciada à XP Investimentos, Kaue Franklin, explicou por que os gringos continuam vendo o Brasil como uma terra de oportunidade. “Temos algumas incertezas por conta da política, mas o Brasil continua sendo uma ilha de investimentos […] É o País emergente mais propício para a alocação, que tem mais oportunidades e várias empresas bastante descontadas, por isso os gringos continuam entrando no Brasil”, disse o analista.
Cenário político brasileiro
Embora que o mercado brasileiro enfrente constantes oscilações, em razão do governo eleito e sua PEC de Transição, o capital gringo se mostra um pouco menos amendrotado que o brasileiro. Não 100% confiante, mas não manifesta nenhum indício de se afastar totalmente.
Deste modo, a PEC de Transição do novo governo Lula parece ser uma das maiores ameaças aos investidores. Entre elas, a retirada do Bolsa Família, o programa antecessor do Auxílio Brasil, do teto de gastos por tempo indefinido se apresenta como o principal.
As grandes oscilações no pregão são a maior causa da incerteza entrada de fluxo gringo na Bolsa.
Como visto nos últimos dias 9 e 11 de novembro. Na quarta-feira 9, o Ibovespa marcou uma queda de 2,22% e a entrada de capital estrangeiro foi negativa, em R$ 2,1 bilhões.
Já na sexta-feira, dois dias depois, o mesmo indicador manifestou uma alta de 2,26% e R$ 2,2 bilhões em fluxo estrangeiro, tornando a maior alocação de capital gringo do período utilizado no estudo no TradeMap.
O analista da Aplix, Kaue Franklin, desenvolveu o porquê: “Vimos uma diminuição nessa entrada de capital e até mesmo alguns dias negativos, mas podemos olhar para isso muito mais como uma realização de lucros do que um sinal de que eles acreditam que o Brasil vai derreter”.
Uma vez que os investidores acompanham os desdobramentos da transição de governo, eles observam os momentos oportunos de lucro para injetar capital no mercado brasileiro.
Por que do aumento de fluxo
A pesquisa indicou que, apesar das implicações políticas terem um grande impacto na Bolsa brasileira, a tendência estrangeira é de se manter atrelada ao mercado brasileiro e seu fluxo continue positivo.
Entre a razão da forte presença gringa no mercado se resume no preço da Bolsa e o atual contexto internacional e onde o Brasil está posicionado.
A Bolsa brasileira apresenta uma valuation “barata” com o desconto em seus ativos. Enquanto a Bolsa operava 12 vezes o preço sobre o lucro (P/L), hoje, a mesma operação está quase a metade do preço. Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, disse: “Em termos de valuation, hoje a Bolsa opera perto de 6,5 vezes o preço sobre lucro (P/L), contra um histórico de 12 vezes. O recado é que a bolsa brasileira está barata”.
O segundo fator contribuinte é onde o Brasil está no meio do contexto global. Com países como a Rússia, país em guerra com a Ucrânia, e a China, que está freando a economia diante dos protestos contra as políticas do governo, o Brasil ainda é visto como a última opção.
Além da familiaridade a Lula que assegura aos investidores menos incerteza e instabilidade. Sobretudo, soma ao fato do Brasil apresentar tendências melhores que outros países, ele se torna uma alternativa para os gringos.