Bradesco (BBDC4) registra R$ 5,2 bilhões de lucro no 3T22; queda de quase 23%
Alta da inadimplência foi o principal fator para desempenho do banco
Após o encerramento do pregão desta terça-feira (8), o Bradesco (BBDC4) divulgou os seus resultados referentes ao período de julho a setembro deste ano e surpreendeu o mercado com os números tão baixos. As expectativas eram de que o banco registrasse um lucro líquido recorrente superior a R$ 6,6 bilhões.
Como resposta aos resultados abaixo do esperado, as ações do Bradesco amanheceram em forte queda na Bolsa de Valores. Durante as primeiras negociações após a abertura às 10h da manhã, os papéis do banco estavam cotados a R$ 16,75, uma queda de 9,85%.
Resultados do Bradesco
Ainda que a notícia do lucro líquido recorrente do segundo maior banco privado brasileiro tenha pego o mercado de surpresa, o número pode ser explicado devido a alta dos índices de inadimplência. Nos últimos três meses a inadimplência subiu cerca de 0,4 p.p, chegando a 3,9%. Comparado com o mesmo período do ano passado, o Bradesco havia registrado 2,6% de inadimplência.
O lucro líquido de R$ 5,22 bilhões do banco no período de julho a setembro deste ano, foi 22,8% menor do que o obtido no mesmo trimestre de 2021. Já na comparação com o 2T22, a queda foi ainda maior, 25,8% (entre abril e junho, o Bradesco teve R$ 7 bilhões de lucro).
O desempenho no terceiro trimestre fez com que o Bradesco tivesse um lucro líquido recorrente acumulado nos primeiros nove meses do ano, inferior ao apresentado até setembro de 2021. Com os R$ 5,2 bilhões do 3T22, o banco tem até o momento, R$ 19,08 bilhões de lucro, contra R$ 19,6 bilhões no último ano. Redução de 2,6%.
Ao longo do terceiro trimestre, as despesas operacionais do banco aumentaram cerca de 4,5% no comparativo anual, chegando a marca de R$ 12,4 bilhões entre julho e setembro deste ano.
Apesar disso, a margem financeira do Bradesco com clientes neste trimestre teve um crescimento superior aos 24%, em virtude principalmente do crescimento da carteira de crédito. No total, o banco chegou a uma margem de R$ 17,5 bilhões, enquanto em 2021 tinha registrado R$ 14,05 bilhões.
Descontando a margem com o mercado, o Bradesco registrou neste trimestre uma margem financeira de R$ 16,2 bilhões e chegou a um acumulado nos primeiros nove meses deste ano, de R$ 49,7 bilhões.
O banco ainda registrou uma ligeira alta de 1,1% de julho a setembro na sua receita de serviços no comparativo com o 3T21, totalizando R$ 8,8 bilhões. No entanto, comparado com o segundo trimestre, houve uma queda de 1,3%.
Expectativas para os próximos trimestres
Diante dos números desanimadores do terceiro trimestre, a expectativa para os próximos trimestres é de que o banco consiga recuperar os seus bons desempenhos, com uma possível estabilização da inadimplência.
Após um momento econômico complicado, devido a inflação e os juros elevados, de acordo com o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, a partir de agora é possível enxergar sinais de melhora ao longo do próximo ano, à medida que o número de devedores se estabilize.
Ações e recomendação
Após a queda brusca das ações do Bradesco (BBDC4) com a divulgação do balanço trimestral, diversos analistas começam a rever as recomendações para os papéis do banco.
As principais alterações de recomendação vieram do BTG Pactual e do Credit Suisse. O primeiro avaliou que a recuperação do Bradesco após os resultados não acontecerá de imediato e cortou a recomendação de compra para neutra.
Já o Credit Suisse, que também recomendava a compra das ações do Bradesco, foi mais além do que o BTG e rebaixou a sua recomendação de compra para venda.