Credit Suisse (C1SU34) divulga projeção de quinto prejuízo seguido em meio à crise
Banco deve terminar o 4T22 com um déficit de mais de US$ 1,5 bilhão
Nesta quarta-feira (23), o banco suíço Credit Suisse (C1SU34) divulgou um comunicado ao mercado com projeções para o quarto trimestre de 2022. A expectativa da instituição é de que pela quinta vez consecutiva termine com um prejuízo bilionário.
O Credit Suisse teve mais de US$ 88,3 bilhões em saques somente nas primeiras semanas deste último trimestre do ano em meio às desconfianças por parte dos clientes mais ricos da instituição financeira.
Projeções para o 4T22
No release divulgado pelo Credit Suisse nesta quarta-feira, a expectativa para os últimos três meses do ano dão conta de que pela quinta vez consecutiva a instituição fechará no vermelho com um prejuízo de US$ 1,6 bilhão, uma leve melhora com relação ao prejuízo atingido no mesmo período do ano passado, que foi de US$ 2,2 bilhões.
De acordo com o Credit Suisse, o trimestre já começou de forma negativa, em virtude dos saques que ocorreram nas duas primeiras semanas de outubro, que totalizaram US$ 88,3 bilhões.
Como forma de reverter esses números negativos, o Credit Suisse está buscando formas de alocar capital para que seja possível financiar a sua reestruturação. Uma delas é a contratação de bancos que contribuirão com cerca de US$ 4 bilhões. Os investidores serão liderados pelo Banco Nacional da Arábia Saudita.
Crise do Credit Suisse
Os dados pessimistas Credit Suisse são fruto do momento em que a instituição está vivendo, com a possibilidade de chegar a cinco trimestre registrando prejuízo líquido, o banco vem adotando medidas ao longo do ano para tentar contornar o cenário. No segundo trimestre, por exemplo, o banco suíço trocou o seu CEO e Ulrich Koerner assumiu o posto.
No entanto, as mudanças não foram suficientes para mudar o patamar já no trimestre seguinte e no período de julho a setembro o banco teve um prejuízo líquido de US$ 4,09 bilhões.
Entre os motivos que podem explicar o seu cenário complicado para o Credit Suisse está a crise de confiança que tem acontecido entre o banco e alguns dos seus clientes mais ricos, o que tem gerado uma debandada destes para outras instituições.
Essa quebra de confiança vem após uma sequência de colapsos de investimentos arriscados e escândalos financeiros que o Credit Suisse tem passado ao longo dos últimos anos. Se destaca entre os reveses da companhia, os empréstimos de mais de US$ 30 bilhões ao fundo Archegos Capital Management que declarou falência.
Além dessa aposta que não ocorreu da maneira que o banco suíço planejava, o Credit Suisse vem sofrendo com inúmeras perdas ao longo desse ano. No documento divulgado nesta quarta-feira, o banco projeta uma perda de quase US$ 79 milhões com a venda da sua participação na empresa Allfunds Group, que é listada na bolsa de valores holandesa.
Boa parte dessas perdas, que tem feito com que o segundo maior banco suíço entre na sua maior crise desde a sua fundação em 1856, tem acontecido pelos saques. Segundo o Credit Suisse, eles perderam 6% do total dos seus ativos, que somam mais de US$ 1,5 trilhão. Ao todo, cerca de US$ 67 bilhões foram na área de gestão patrimonial.
Ações despencam
Durante esta manhã, as ações do Credit Suisse despencaram 3% no pré-mercado norte-americano. Às 12h25 os papéis do banco suíço eram negociados na bolsa de valores de Nova York a US$ 3,88, em uma queda de 5,01%.
Em meio à crise, a queda acumulada de janeiro até novembro já ultrapassa a casa dos 60% no mercado americano, enquanto os papéis que são negociados na bolsa brasileira despencam no mesmo nível, ligeiramente acima, com 63% de desvalorização.