Dólar cai pela primeira vez desde fevereiro com arcabouço e desaceleração do IPCA
Um conjunto de fatores favoreceu a valorização do real
Pressionado por diversos fatores, o dólar passou o pregão desta terça-feira (11) em queda, atingindo pela primeira vez desde fevereiro uma cotação abaixo dos R$ 5.
Dentre os diversos acontecimentos que pressionaram a valorização do real frente a moeda norte-americana, está a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) acima do esperado e as expectativas acerca da entrega do arcabouço fiscal ao Congresso Nacional.
Dólar cai abaixo dos R$ 5
Refletindo as expectativas nos mercados interno e externo, o dólar amanheceu em queda. Durante as primeiras negociações do dia, a moeda americana atingiu sua mínima de R$ 4,992.
Logo após, por volta das 10:30 horas (horário de Brasília), parte da queda foi revertida, quando a cotação atingiu os R$ 4,999 na compra, acumulando uma queda de 1,31%. Às 14:41 horas, a desvalorização acumulada era de 1,23%, aos R$ 5,0030.
Essa é a primeira vez em que a cotação da moeda americana cai abaixo dos R$ 5,00 em quase dois meses. A última vez em que a desvalorização ocorreu foi no pregão do dia 2 de fevereiro deste ano, quando a moeda atingiu a mínima de R$ 4,94.
Na época, o mercado financeiro precificava as decisões monetárias brasileiras, em conjunto ao aumento na taxa de juros determinado pelo Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos.
Motivos que pressionaram a queda
Um dos principais motivos que fizeram com que o dólar atingisse o patamar foi a repercussão do IPCA do mês de março deste ano.
O indicador, que mede oficialmente a inflação do país, apresentou uma desaceleração para 0,71% durante o período, contra alta de 0,84% no mês de fevereiro de 2023.
Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e se mostraram bem abaixo das expectativas do mercado. Segundo o consenso Refinitiv, as projeções eram de um avanço de 0,77%.
Além de pressionar a queda da moeda americana, o indicador também favoreceu o desempenho do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, a B3, durante o pregão desta terça.
Outro fator que proporcionou a apreciação do real é uma maior injeção da moeda americana na economia brasileira durante o primeiro trimestre deste ano.
Durante o período, a conta comercial foi destaque do fluxo cambial, que atingiu um saldo positivo de US$ 12,524 bilhões no período.
A maior atividade comercial do país é indicada pelo superávit de US$ 16,1 bilhões que a balança comercial registrou nos três primeiros meses de 2023.
Isso faz com que a oferta da moeda norte-americana aumente no mercado nacional, fazendo com que seu valor frente ao real caia.
A diferença entre o patamar de juros no Brasil em comparação ao exterior também é apontada por analistas como um dos principais fatores que favoreceram o avanço da moeda brasileira.
Com isso, investidores buscam “emprestar” dinheiro de países que oferecem uma baixa taxa de juros e, logo em seguida, investir a quantia em nações com um alto custo de empréstimos, fazendo com que os retornos sejam maiores. A prática é conhecida como “carry trade”.
Arcabouço fiscal
As movimentações do projeto do arcabouço fiscal geraram reações positivas no mercado. Inicialmente, a entrega do texto estava prevista para ocorrer, no máximo, até esta terça-feira.
Porém, de acordo com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, o conjunto de regras deve chegar ao Congresso apenas durante a próxima semana, após a entrega do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), na próxima sexta-feira (14).
“Os técnicos do Planejamento e da Fazenda ainda fazem os últimos ajustes redacionais na proposta de arcabouço e não deu tempo de Lula e Haddad assinarem. Por isso o arcabouço e o PLDO não chegam juntos ao Congresso”, disse Tebet.