Dólar sobe 0,44% e acumula alta de 2,11% na semana – ESTOA

Dólar sobe 0,44% e acumula alta de 2,11% na semana


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A percepção de aumento de risco fiscal, em meio à ofensiva do governo no Congresso para turbinar programas de transferência de renda com recursos fora do teto de gastos, impediu que o real se beneficiasse da recuperação dos ativos de risco no exterior e do dólar na sessão desta sexta-feira, 24.

Apesar da alta firme das bolsas em Nova York e do sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior, até em relação a pares relevantes do real como o peso mexicano e o rand sul-africano, o dólar experimentou mais um dia de volatilidade por aqui.

Após passar a maior parte da tarde entre ligeiras baixas e altas, a moeda ganhou força nas duas últimas horas de negócios, com recomposição de posições defensivas no mercado futuro, e acabou encerrando a sessão com avanço 0,44%, a R$ 5,2527 – maior valor de fechamento desde 8 fevereiro.

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Com isso, o dólar fecha a semana em alta de 2,11%, emendando a quarta valorização semanal consecutiva.

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Em junho, a divisa já acumula avanço de dois dígitos (10,52%). As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, agora são de 5,80%.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes – trabalhou em queda ao longo do dia, chegando a romper o piso de 104,000 pontos na mínima, em meio à divulgação de dados mais fracos do sentimento em consumidor nos Estados Unidos – o que levantou expectativa de que o Federal Reserve possa não ser tão agressivo.

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“A continuidade de alta do dólar no mercado doméstico, a despeito da devolução pontual no exterior, reflete a tendência de demanda por hedge com piora da inflação, das contas públicas e do acirramento político na eleição presidencial”, afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.

Segundo analistas, jogaram contra o real ao longo das últimas semanas a valorização global da moeda americana, fruto do tom mais duro do Federal Reserve, e a perspectiva de perda de fôlego das commodities, na esteira do temor de recessão global.

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A esse quadro global desfavorável à moeda brasileira somou-se nos últimos dias o retorno do risco fiscal.

Em tal ambiente, nem as altas taxas de juros domésticas, que tendem a atrair capitais para operações de “carry trade”, conseguiram segurar o dólar.

Pela manhã, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) afirmou que o impacto fiscal total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis deve atingir R$ 34,8 bilhões de crédito extraordinário, fora do teto de gastos.

Em vez de compensar Estados que zerassem ICMS sobre diesel e gás de cozinha até dezembro deste ano, o governo vai destinar recursos para alavancar programas sociais: aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, bolsa caminheiro de R$ 1 mil mensais e elevação do vale gás.

O aumento do Auxílio Brasil, principal programa social do governo, foi confirmado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em evento em João Pessoa (PB).


Ontem à noite, Bolsonaro sancionou o projeto de lei que estabelece teto de 17% para ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo, mas com vetos a trechos incluídos pelo Senado beneficiariam os Estados na compensação pela perda de receita.

O economista Homero Guizzo, da Terra Investimentos, observa que o mercado parece incorporar novamente os riscos fiscais no processo de formação de taxa de câmbio, que antes estavam mais ligados ao ambiente externo.

“O dólar já subia com essa alta mais forte dos juros Fed, que pressiona divisas emergentes. Notícias ruins do quadro fiscal foram aparecendo e pioraram o ambiente para a nossa moeda”, afirma Guizzo.

“O governo está frustrado e parece que vai dobrar a aposta em benefícios sociais. Mas se estão tentando contornar o teto de gastos é porque, pelo menos, o teto ainda existe. Precisamos ver como vai ser no próximo governo”.

Pela manhã, o IBGE divulgou que o IPCA-15 acelerou de 0,59% em maio para 0,69% em julho, acima da mediana de Projeções Broadcast (0,67%).

O índice acumula alta de 5,65% no ano e de 12,04% em 12 meses. A expectativa predominante no mercado é que o Banco Central encerre o aperto monetário em agosto, com alta final de 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

*Com Estadão Conteúdo