Eletrobras (ELET3) registra lucro líquido 85% menor e abaixo das expectativas
De acordo com a empresa, a piora foi pressionada pela queda do resultado financeiro
A Eletrobras (ELET3) publicou na tarde de ontem (4), logo após o fim do pregão, seu balanço trimestral, contendo seus resultados operacionais referentes aos primeiros três meses de 2023.
De acordo com o documento, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 405 milhões, uma queda de 85% em relação aos R$ 2,7 bilhões atingidos durante o primeiro trimestre do ano passado.
Primeiro trimestre
Apesar de indicar quedas em seu lucro líquido, a estatal também apresentou uma Receita Operacional Líquida de R$ 10,9 bilhões, resultando em um avanço de 13% ante os R$ 9,7 bilhões do 1T22.
Além disso, o EBITDA (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 4,8 bilhões durante o período, uma variação positiva de 44% ante os R$ 3,4 bilhões do mesmo período do ano passado.
De acordo com a Eletrobras, na publicação, a desaceleração do lucro líquido se deve à piora do resultado financeiro que, durante o período, registrou um déficit de R$ 3,1 milhões. No primeiro trimestre de 2022, no entanto, o indicador chegou aos R$ 589 milhões.
A empresa destaca, ainda, uma melhora em seu resultado operacional antes do resultado financeiro que, ao fim dos primeiros três meses deste ano, chegou aos R$ 3,4 milhões ante os R$ 2,067 milhões entre janeiro e março do ano passado.
Outro indicador a mostrar avanços são os investimentos da estatal, que totalizaram R$ 1,5 bilhões, uma variação positiva de 206% em comparação aos R$ 523 milhões no primeiro trimestre de 2022.
Isso, no entanto, não foi suficiente para que os números atingissem as expectativas do mercado financeiro. De acordo com as projeções do consenso Bloomberg, eram projetados um Ebitda de R$ 3,96 bilhões e uma receita líquida de R$ 7,87 bilhões.
Em seu balanço trimestral, a companhia atribuiu o resultado negativo ao maior encargo de dívidas, “devido a consolidação da Saesa (Santo Antônio Energia) (R$709 milhões), e pelos encargos e atualização monetária de obrigações com a CDE e de revitalização de bacias hidrográficas (que somam R$1.372 milhões)”.
Os dois últimos seriam, segundo a companhia, “obrigações previstas nos novos contratos de concessão celebrados em junho de 2022, pelo prazo de 30 anos”.
O número de Empregados da estatal também caiu durante o período. Entre os meses de janeiro e março deste ano, houve uma queda de 24%, fazendo com que a base de colaboradores caísse de 12.090 no 1T22 para 9,154 no 1T23.
Seu Ebitda ajustado passou, por fim, de R$ 5,1 milhões no primeiro trimestre do ano passado, para R$5,6 milhões durante os meses de janeiro a março deste ano, uma expansão de 10%.
A elevação foi pressionada, segundo o documento publicado pela Eletrobras, “pelo crescimento das receitas, em particular de geração, superior ao aumento das despesas e custos”.
AGU questiona privatização
Atendendo a um pedido do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), feito no início do mandato ao ministro Jorge Messias, a AGU (Advocacia-Geral da União) está preparando uma Ação Direta de Inconstitucionalidade.
A medida deve ser organizada junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante os próximos dias e questiona a privatização da elétrica estatal.
O pedido feito pelo chefe do Executivo à Messias tem como objetivo expandir a influência da União sobre a administração da Eletrobras, que passou por um processo de privatização no mês de junho do ano passado.
Isso, pois apesar de deter cerca de 35% das ações, a União pode votar, apenas, utilizando 10% dos ativos que possui.
Realizado no ano passado, o processo de capitalização foi responsável por injetar, ainda, R$ 37 bilhões na empresa.