Ibovespa abre em queda no início do governo Lula, com desvalorização de estatais – ESTOA

Ibovespa abre em queda no início do governo Lula, com desvalorização de estatais

A sinalização de que o novo governo do presidente Lula (PT) será mais intervencionista na economia trouxe preocupação para os investidores


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Nesta segunda-feira (2), o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte queda, influenciado pelo desempenho dos papéis de empresas estatais. A sinalização de que o novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será mais intervencionista na economia, trouxe preocupação para os investidores.

Por volta das 13h (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 3,03%, aos 106.407 pontos, na mínima da sessão caiu aos 105.981 pontos. Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) perdiam quase 4%, e os da Petrobras (PETR4) recuavam cerca de 7%. 

Analistas avaliam economia brasileira após posse de Lula

Segundo leitura realizada pelos analistas, Lula não abordou os principais pontos de atenção dos investidores com relação à economia brasileira, em especial sobre qual será a nova regra fiscal do país, em substituição ao teto de gastos, e como o governo planeja encaminhar uma reforma tributária, por exemplo.

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Além disso, ele reforçou a aposta num discurso intervencionista. Na cerimônia de posse, prometeu rever políticas mais liberais, como a reforma trabalhista e as privatizações de estatais, e chamou o teto de gastos de “estupidez”. 

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“O mercado está sentindo as falas mais duras do presidente, que vai se utilizar das empresas estatais para os devidos fins sociais. O Lula defendeu o papel dos bancos públicos e da Petrobras como indutores da economia, e o mercado está lendo isso como negativo para as empresas”, afirmou Rodrigo Moliterno, sócio fundador da Veedha Investimentos.

Os investidores também reagiram mal à decisão de Lula de editar a medida provisória para renovar por dois meses a isenção dos impostos federais sobre a gasolina. A desoneração dos tributos incidentes sobre o diesel e gás de cozinha vai ser por tempo indeterminado.

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Desoneração dos combustíveis continua em vigor e economistas avaliam posse de Lula. /Foto: AP Photo/Silvia Izquierdo

Desoneração de impostos 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia pedido para o ex-ministro da Economia Paulo Guedes não prorrogar a desoneração de impostos sobre os combustíveis. A decisão marcou uma derrota para o ministro da Fazenda.

“O quadro interno é ruim por causa das declarações do Lula em seu discurso de posse e embate do núcleo duro do PT com o ministro Fernando Haddad [Fazenda], que queria acabar com as desonerações de combustíveis. Isso indica que o político irá se sobrepor ao Haddad, a questões técnicas”, disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.

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Nesta segunda-feira, Haddad afirmou que irá apresentar ainda na primeira semana de governo as medidas econômicas necessárias para retomar a confiança dos investidores. Ele também disse que deve definir no primeiro semestre uma nova regra fiscal para o país. “O que nós precisamos é de um política ganha-ganha para o povo e para os investidores”, afirmou. 

Economistas avaliam discurso de Lula na posse

Na análise de Elena Landau, economista que atuou na campanha da então candidata à presidência e atual ministra de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, não houve surpresa no tom do discurso de Lula na posse.


“Ele falou o que já tinha falado na campanha, que é a filosofia de governo.” Para Landau, a questão da responsabilidade fiscal ainda é dúbia, pois é difícil conciliá-la às medidas anunciadas por Lula. “Dar aumento real ao salário mínimo e garantir a responsabilidade fiscal é complicado.”

Além disso, ela também disse que o ministro da Fazenda foi desmoralizado com a decisão do novo governo de renovar a isenção dos impostos federais sobre a gasolina. “A renovação (da isenção) estimula combustíveis fósseis e faz o governo abrir mão de receita. É uma contradição fiscal.”

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, disse que os discursos de domingo foram na linha do que o presidente já havia insinuado. “A dificuldade é ter um ministro da Fazenda que dá sinais parecidos. Haddad não parece ser o freio fiscal que era Palocci em 2003.” 

“Foi um conjunto de indicações de mudanças na regra do teto e na reforma trabalhista que vão colocar preocupação sobre exatamente o que vai ser feito. O foco deveria ser um novo arcabouço fiscal e a reforma tributária, mas Lula fugiu desses temas”, afirmou.