Ibovespa tenta se recuperar, mas cenário internacional atrapalha alta
A indefinição dos mercados acionários internacionais atrapalhar a tentativa de recuperação de parte da perda do Ibovespa, que começou maio já operando no nível de janeiro. Ontem, fechou em queda de 1,15%, aos 106.638,64 pontos.
Motivos para o Ibovespa não ter fechado em alta
Apesar do feriado na China e, portanto, não há negociação com minério de ferro, e recuo do petróleo, ações ligadas ao setor sobem, buscando algum ajuste em relação á baixa da véspera.
Investidores seguem no aguardo da decisão sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil, amanhã. A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) eleve o juro em meio ponto porcentual, indicando novos aumentos, a fim de conter a inflação.
Por aqui, estima-se que a Selic suba de 11,75% para 12,75%, com o Banco Central deixando a porta aberta para mais altas. Em Nova York, as bolsas sobem de forma leve, enquanto na Europa os sinais são divergentes.
Na Austrália, o BC já agiu, subindo a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual, de 0,10% para 0,35%, O aumento foi o primeiro realizado desde novembro de 2010 e ocorre na tentativa de controlar a inflação no país, que atingiu o nível mais alto em 20 anos.
Avaliação de especialista
Na avaliação de Dennis Esteves, especialista em Renda Variável da Blue3, a indefinição dos mercados sugere incerteza antes das decisões sobre juros, especialmente nos EUA. Em sua visão, os investidores estão tentando antecipar como será a alta do juro pelo Fed. “Tivemos movimentos bruscos ontem e estão tentando reprecificar o aumento da pré-tensão. A grande pergunta é se virá uma surpresa”, avalia.
Nem mesmo a alta da produção industrial em março de 0,3% ante fevereiro alivia os negócios, diante dos temores inflacionários, especialmente no momento em que a China, principal parceiro do Brasil segue adotando medidas de restrições no país para conter a nova onda de covid-19.
Hoje, por exemplo, o BNP Paribas elevou sua projeção para IPCA fechado em 2022, de 8,5% para 10,00% ao ano, o dobro do teto da meta. Além disso, há preocupações com o ritmo de desaquecimento mundial.
“O PIB dos EUA no primeiro trimestre foi de -1,4% e, embora houvesse detalhes mais fortes, expressou temores de que a economia pudesse tropeçar à frente.
Na China, apesar do PIB do primeiro trimestre questionavelmente forte, os bloqueios rígidos estão esmagando a produção e podem não ser suspensos pelo resto de 2022.
Já havíamos sinalizado riscos de recessão na Europa, e isso foi antes do possível boicote ao petróleo russo”, avalia em nota o Rabobank.
No entanto, Esteves, da Blue3, pondera que apesar das dúvidas relacionadas à China, a sinalização de que o governo de lá continuará atuando para conter o desaquecimento da economia dá certo conforto. De fato o governo se reuniu dizendo que juntará forças políticas para perseguir a meta de crescimento”, lembra.
PIB chinês
No dia 29 de abril, líderes chineses prometeram cumprir as metas econômicas definidas por Pequim para este ano. Em março, o governo chinês estipulou a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês deste ano em cerca de 5,5%, mas economistas estão cautelosos em relação ao cumprimento desta taxa.
O investidor ainda avalia resultados informados por Klabin , cujas ações subiam 0,29%, e Localiza, com alta era de 3,52% dos papéis, além dos balanços que sairão mais tarde, como Cielo e XP, e a greve do Banco Central, retomada hoje.
Às 11h09, o Ibovespa zerava alta a 106.641,70 pontos, ante máxima diária 107.057,58 pontos (alta de 0,39%).
*Com Estadão Conteúdo.