Lei trabalhista impede que Google e Amazon realizem demissões em massa na Europa – ESTOA

Lei trabalhista impede que Google e Amazon realizem demissões em massa na Europa

Em países como França e Alemanha, big techs precisam negociar com sindicatos


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Após realizar diversas rodadas de demissões em massa, empresas de tecnologia dos Estados Unidos encontram dificuldades em reduzir o número de funcionários na Europa.

Nos EUA, as empresas podem anunciar cortes generalizados de empregos e dispensar centenas, ou até mesmo milhares de trabalhadores em alguns meses, e muitas fizeram isso.


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Demissões em massa são interrompidas na Europa 

As demissões em massa promovidas por empresas americanas de tecnologia estão paralisadas na Europa por conta das proteções trabalhistas, que tornam praticamente impossível o processo de demitir em alguns países sem antes consultar grupos de interesse dos funcionários.

Isso fez com que milhares de trabalhadores do setor de tecnologia ficassem à deriva, sem saber se serão afetados por negociações que podem se arrastar indefinidamente.

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A Alphabet, controladora do Google, está atualmente em negociações para reduzir a força de trabalho por meio de demissões voluntárias, através da oferta de pacotes de demissão que espera serem generosos o suficiente para convencer trabalhadores a deixarem a empresa, segundo pessoas com conhecimento no assunto, que pediram para não serem identificadas.

Na França e na Alemanha, onde as leis trabalhistas estão entre as mais fortes da União Europeia, o Google está atualmente em negociação com conselhos de trabalhadores – grupos específicos da empresa cujos representantes eleitos dos funcionários negociam com a administração sobre questões trabalhistas, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

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Legenda: Google reconheceu as negociações e acrescentou que não planeja implementar demissões na Romênia, Grécia ou Áustria Créditos: Reprodução

Por lei, as empresas são obrigadas a negociar com esses conselhos antes de implementar demissões – um processo às vezes demorado, que inclui coleta de informações, negociações e a possibilidade de recurso.

Diante desses requisitos, as filiais do Google na Alemanha e França estão entre as últimas a serem afetadas pelos cortes.

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Ao ser procurado, o Google reconheceu as negociações e acrescentou que não planeja implementar demissões na Romênia, Grécia ou Áustria.

“Temos trabalhado cuidadosa e individualmente em cada país onde as reduções estão ocorrendo para cumprir totalmente os requisitos legais locais, que variam de acordo com o lugar, são complexos e levam tempo”, disse um porta-voz do Google em resposta a perguntas da Bloomberg.

Opinião dos especialistas

De acordo com Matthew Waley, representante da Unite the Union, no Reino Unido, onde proteções trabalhistas não são tão rigorosos, cerca de 500 em cada 8 mil “googles” terão que deixar a empresa, uma taxa de redundância de 6% consistente com a meta global da companhia. 

Conversas com o conselho de trabalho falam em pacotes de rescisão confidenciais, porém o número de demissões não está em negociações. “Eles estão tentando fazer o mínimo” exigido legalmente, disse Waley, referindo-se ao processo de negociação em andamento.

Empregados criaram recentemente um conselho de trabalho do Google para os países da UE, que inclui o Reino Unido e a Suíça. O conselho deve começar a atuar em cerca de seis meses e será uma poderosa voz coletiva em consultas futuras.


Segundo Waley, isso representa “uma grande mudança”, pois a empresa terá que avisar os funcionários com muito mais antecedência sobre as reorganizações. Este Conselho de Trabalho Europeu será composto por representantes de funcionários do Google com um mandato de quatro anos.

De acordo com documentos, os membros do conselho farão contato com a administração do Google e terão sede em Dublin.

Embora os diferentes padrões de tratamento não tenham criado atrito entre funcionários do Google espalhados pelo mundo, “as pessoas perceberam que a maneira como as coisas acontecem nos EUA em relação à França e à Alemanha” é diferente, diz Parul Koul, presidente-executivo do Alphabet Workers Union e engenheiro de software do Google, em Nova York.

“É inspirador para as pessoas nos EUA verem que as coisas são diferentes em outros lugares – é um modelo pelo qual as pessoas podem lutar”, acrescentaram.