Santander (SANB11) registra recuo anual de 56% com R$ 1,69 bi no 4° tri de 2022
Santander Brasil tem lucro do 4° trimestre abaixo do esperado e apresenta queda de 46% em relação ao trimestre anterior
O Santander Brasil (SANB11) registrou um lucro líquido gerencial de R$ 1,689 bilhão no quarto trimestre de 2022, valor que corresponde a um recuo de 56% em comparação ao quarto trimestre do ano anterior. Em relação ao resultado do terceiro trimestre de 2022, a queda foi de 45,9%.
No quarto trimestre, entre outubro e dezembro, o Santander Brasil obteve um lucro societário de R$1,609 bilhão, com uma baixa trimestral de 47,1% e um acumulado de 57,6% nos últimos 12 meses.
Previsão do resultado abaixo da expectativa
O relatório divulgado nesta quinta-feira (2) informou uma queda de 21,1% no lucro líquido de 2022 do terceiro maior banco privado do Brasil, o que representa um acumulado de R$ 12,9 bilhões em 2022, ante o mesmo resultado levantado em 2021, que manifestou um acúmulo de R$ 16,347 bilhões.
“Iniciamos um processo de ajuste operacional no quarto trimestre de 2021. Buscamos nos posicionar adequadamente para enfrentar um ambiente macroeconômico que se provava mais desafiador, com potenciais repercussões nas dinâmicas de crédito”, disse o vice-presidente financeiro, Angel Santodomingo.
“Desde então, aplicamos maior seletividade na concessão e temos observado a materialização da deterioração das condições de crédito, em linha com o esperado para esta etapa transitória deste ciclo de crédito”, ele continuou.
O CFO do Santander Brasil também afirmou o resultado de ajustes na operação: “A PDD (provisões para devedores duvidosos), os indicadores de inadimplência e o custo de crédito se mostram compatíveis ao momento e em linha com o esperado, com safras novas concentradas em melhores ratings, destacando aqui as medidas tomadas em função de maior seletividade”.
Da mesma forma, Mario Leão, CEO do banco, afirmou o resultado, abaixo da previsão de especialistas, como esperado, uma vez que uma nova abordagem foi implementada.
“A partir do quarto trimestre de 2021, adotamos novamente medidas de ajuste em nossa operação, buscando nos posicionar de modo adequado frente aos ciclos de crédito. Desde então, e de acordo com o que prevíamos, temos praticado uma maior seletividade na originação de novas operações e observando a materialização da deterioração das condições de crédito. Esses efeitos, esperados e temporários, são compatíveis com a visão que temos de longo prazo”, afirmou Leão no relatório do banco.
Margem financeira e clientes
Com uma margem financeira bruta de R$ 51,827 milhões em 2022, segundo o Santander, a queda de 0,6% no trimestre contribuiu com a baixa de 6,8% nos últimos 12 meses. Somente o quarto trimestre indicou uma margem financeira bruta de R$ 12,517 milhões, diante de R$ 12,598 milhões reportado no trimestre imediatamente anterior.
Enquanto a margem financeira líquida demonstrou uma queda mais expressiva em comparação ao resultado de 2021. Os dados divulgados deste ano apontam uma variação de – 33,2% no valor, reduzindo a margem de R$ 41,761 milhões para R$ 27,897 milhões em 2022.
Já a margem com clientes apresentou uma alta de 22,4% diante de 2021, com um resultado de R$ 45,792 milhões para R$ 56,067 milhões.
“Na comparação trimestral, a margem financeira com clientes caiu 2,6%, influenciada por uma maior seletividade de crédito e a mudança de mix, com foco em produtos com garantia. O funding foi afetado pelo menor número de dias úteis”, comunicou o Santander.
Santodomingo explicou o papel dos clientes. “Por conta da busca por clientes com melhor perfil de risco e das mudanças no mix de produtos, assim como o maior foco em operações com garantia (chegando a 65% da carteira de crédito colateralizada na pessoa física), observamos uma maior pressão nas margens com clientes, onde temos observado uma adequação dos spreads a esses perfis. Adicionalmente, a margem com mercado continua impactada pela sensibilidade negativa ao aumento de juros, fato que continuará ao longo de 2023”, explicou o CFO do banco.
Como um dos principais credores da Americanas, o Santander expandiu as medidas contra a inadimplência após o final de 2022, justificada por um “evento subsequente”. Sem detalhar o nome do cliente, é estimado que o Santander tenha a receber R$ 3,6 bilhões da rede varejista.
O escândalo da Americanas se tornou público em 11 de janeiro e entrou com um pedido de recuperação judicial no mesmo mês. A empresa é calculada a dever cerca de R$ 47 bilhões.